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23 de julio de 2013 | | |

Da boca pra fora

Colômbia: governo fala de paz, e assassina quatro manifestantes camponeses em Catatumbo

Nesta terça-feira, pelo menos duas pessoas foram assassinadas em Catatumbo, Colômbia, produto de disparos de fuzil do exército desse país contra uma grande mobilização camponesa que bloqueava o cruzamento de dois caminhos conhecido como “Ye de Ocaña”, conforme a Agência de Prensa Rural.

A repressão começou as 9 da manhã quando os camponeses tentavam chegar a Ye de Ocaña, lugar onde estava o ESMAD, exército e polícia contra-guerrilha.
As forças repressivas começaram atirando gases lacrimogêneos, contra os mais de 2000 camponeses que se manifestavam nessa zona. A repressão continuou com as chamadas bombas de “efeito moral” que não conseguiram conter o protesto, e continuou com uma balaceira apontada diretamente contra os manifestantes.
As demandas os camponeses é a instalação de uma mesa de diálogo com o governo para o cumprimento da normativa de reservas camponesas, que tem as autoridades do governo colombiano têm ignorado.

Na segunda-feira outros dois camponeses morreram por ação violenta dos fardados, com o que o número de assassinados chega a quatro, além de várias dezenas de feridos.

A Coordenadora Latino-americana de Organizações do Campo (CLOC-Via Campesina) emitiu um comunicado onde se condena a política de violência do governo de Juan Manuel Santos. “Após sua passagem pela Aliança do pacífico, e à caminho da OTAN, ambos em clara subordinação dos interesses norte-americanos, contrários à paz na Colômbia e na região, Manuel Santos realiza declarações estigmatizando ao Movimento camponês da Colômbia e acusando-o de relações com as FARC, pretendendo deslegitimar e criminalizar o protesto social, e as justas demandas dos camponeses de Catatumbo, que exigem com ações pacificas, desde 12 de junho, que seja estipulada uma mesa de dialogo para tratar os graves problemas da região”.

“A resposta oficial tem sido a militarização da região e a repressão, onde já se contabiliza o saldo de pelo menos dois camponeses assassinados pelo exército e vários feridos. As demandas camponesas têm, além da legitimidade que concede a luta pelos direitos humanos, a soberania alimentar e a justiça, a apoio da Lei 160 de reservas camponesas, que não tem sido cumprida”, indica a CLOC-Via Campesina.
Os companheiros de Contagio Radio, emissora comunitária colombiana que cobre os conflitos sociais no país, entrevistaram o dirigente de Catatumbo César Jeréz, que afirmou que o que se vive nessa região é produto do desespero e indignação dos camponeses diante de um estado que os exclui e violenta.

A entrevista em espanhol com o dirigente camponês colombiano está disponível no áudio anexo.

Foto: Contagio Radio

(CC) 2013 Radio Mundo Real

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