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9 de junio de 2010 | |

Estado de sitio

Paramilitares impediram novamente o acesso de caravana humanitária a San Juan Copala

A impunidade reina em Oaxaca. Paramilitares e governo parecem decididos a acabar com a vontade autonômica do município de San Juan Copala com um bloqueio que impede a chegada de medicinas, mantimentos e combustíveis.

A caravana humanitária prevista para a terça-feira (8), também não pôde chegar a destino com seu carregamento de produtos de primeira necessidade por forças paramilitares, as mesmas que no dia 27 de abril ametralharam um comboio assassinando Betty Cariño e o ativista finlandês Jyri Jaakkola.

Nem as autoridades do Governo Federal nem as do Estado garantiram a vida e a segurança das 400 pessoas que integraram esta segunda caravana, que partiu dia 7 de junho de Cidade de México e foi interceptada na paragem conhecido como La Sabana, conforme o jornal Contralínea.

“Nesta ocasião, o risco iminente de um ataque armado deteve os observadores, que só chegaram até o povoado de Agua Fría, a 5 quilômetros de San Juan Copala. Isso, apesar de que no comboio viajavam 20 deputados federais, dos partidos da Revolução Democrática e do Trabalho”, indica Contralínea, cujos jornalistas enviados foram feridos na primeira caravana.

Enquanto isso, Casimiro Martínez Aguilar, integrante da autoridade local, indicou: “O bloqueio deve ser quebrado, pouco a pouco vai se enfraquecendo, os governos não podem manter mais os assassinos paramilitares na impunidade, San Juan Copala tem que voltar a normalidade e exigir que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados”.

“Se o governo estadual e o federal não podem garantir a comida e os medicamentos aos habitantes de San Juan Copala, a sociedade civil com apoio da comunidade internacional terá que buscar mecanismos para consegui-lo e as instâncias internacionais terão um papel muito importante na ausência total do Estado em todos seus níveis de governo”, disse Casimiro Martínez.

No dia 8 de junho completaram-se 192 dias de bloqueio armado contra os indígenas triquis autônomos. Até agora, nenhuma autoridade tem assumido sua responsabilidade em garantir o Estado de Direito e o livre trânsito na zona. Os paramilitares têm agido com total impunidade, apesar de possuirem armas de uso exclusivo do Exército, conforme o jornal digital.

Casimiro também disse que a comunidade está sendo dizimada, com permanentes ações de amedrontamento. “Ouvem-se tiros diariamente e durante todo o dia em San Juan Copala. São tiros que mantém assolada a população, que têm feito que famílias completas abandonem nossa comunidade e que tenham se negado a entrar doutores, professores, e vendedores de produtos, impondo um estado de sitio pela via das armas e da violência”.

FOTO: witnessforpeace.typepad.com

Caravana a San Juan Copala
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