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2 de agosto de 2010 | |

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A luta pelo direito humano à água “apenas começa”

O presidente boliviano Evo Morales agradeceu os países que apoiaram a iniciativa boliviana para que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarasse o dia 28 de julho a água e o saneamento um direito humano. Foram 122 os países que votaram a favor, 41 se abstiveram e nenhum rejeitou a resolução.

Nesta segunda-feira, a Rádio Mundo Real entrevistou Anil Naidoo, integrante do Conselho dos Canadenses, organização que tem trabalhado fortemente como parte do movimento internacional pelo direito humano à água. Naidoo fez parte de uma equipe do grupo que esteve trabalhando em Nova Iorque, Estados Unidos, antes e durante a votação da ONU.

O presidente boliviano expressou seu agradecimento porque agora a comunidade internacional considera plenamente que “a água é um direito humano e não um negócio privado”, conforme a Agência Boliviana de Informação. “Uma vez que a comunidade internacional reconhece que o serviço da água é um direito humano, deve ser administrado pelas Prefeituras, Governos estaduais, Governo nacional e não por empresas privadas”, disse Morales.

A própria Constituição política boliviana considera a água um direito humano. O Uruguai foi o primeiro país do mundo em fazer o mesmo, em outubro de 2004.

Na entrevista com Rádio Mundo Real, Anil Naidoo destacou o trabalho do Conselho dos Canadenses antes da votação, com reuniões de lobby contínuas em Nova Iorque com representantes de governos e organizações não governamentais, por exemplo.

O ativista da água destacou que a decisão da Assembléia Geral “foi um grande resultado porque nenhum país votou contra, embora sabemos que existam grandes opositores do reconhecimento da água e do saneamiento como direito humano”. “Estamos preocupados porque alguns países poderosos se abstiveram e nós sabemos que continuarão contra a resolução”, acrescentou.

No entanto, Naidoo destacou que os 122 votos a favor e a inexistência de votos contra “mostram o desejo da Assembléia Geral” por cima da posição de alguns Estados industrializados. “É uma grande vitória porque agora podemos seguir adiante e não seremos detidos por estes governos”.

É que o Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, entre outros, pressionaram até o último momento para que não fosse aprovada a nova resolução e logo se abstiveram na votação. Inclusive houve que lidiar com o Conselho Assessor do Secretário Geral das Nações Unidas sobre Água e Saneamento, que pressionou para que não se reconhecesse a água e o saneamento como um direito humano.

Naidoo contou sobre uma reunião mantida pelos países da União Européia na noite anterior à votação na Assembléia Geral da ONU, para tentar chegar com um posicionamento único. Nessa instância 17 dos 27 países do bloco votaram contra a resolução, mas não houve acordo porque vários Estados europeus mantiveram seu apoio à iniciativa.

O ativista destacou o voto positivo na Assembléia da Alemanha, Espanha, França, Itália, e também de países como China, Índia, Brasil e África do Sul. Está claro para Naidoo que longe de acabar, o trabalho está começando, para garantir que o novo direito seja respeitado e que os organismos internacionais trabalhem para implementá-lo devidamente. Para Anil, os movimentos e organizações sociais em todo o mundo têm um papel fundamental.

Foto: http://elpolvorin.over-blog.es

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