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6 de septiembre de 2010 | | | |

Florestas e povos ameaçados

Organizações peruanas preparam mobilizações contra hidrelétricas

Cerca de setenta centros povoados dos departamentos peruanos de Puno, Cusco e Madre de Dios, situados no sudeste do país, deveriam abandonar seus territórios caso forem construidas cinco hidrelétricas, por meio de um acordo energético firmado pelos governos do Peru e do Brasil.

Isso acontecerá se a administração orientada pelo presidente Alan García fizer a concessão definitiva à Empresa de Generación Eléctrica Amazonas Sur (Egasur), de capitais brasileiros e que pretende construir a usina e um represamento de 37.800 hectares, segundo um relatório publicado pela agência Inter Press Service (IPS)

O artigo –com o chamativo título: “Uma porção da floresta peruana sob água”- menciona uma pesquisa levada adiante pela Sociedade Civil pela Construção da Rota Transoceânica de Puno, onde calcula-se que somente nessa região peruana haveria cerca de 10.000 pessoas atingidas.

Egasur é um consórcio brasileiro integrado pelo grupo privado OAS e a Eletrobras Furnas, e tem anunciado que projeta investir mais de quatro bilhões de dólares na construção da barragem Inambari, que geraria cerca de 2.200 megawatts.

Diante do risco de danos ambientais irreversíveis, numa das zonas mais ricas em biodiversidade do continente, as comunidades peruanas que serão despejadas começaram a expressar seu malestar, entre outras coisas porque a maior parte da energia produzida por estas centrais hidrelétricas será utilizada no Brasil.

A rádio comunitária Juliaca, do departamento de Puno, tomou depoimentos de moradores locais que estimam que 80% da energia produzida será para o Brasil (e que entraria pelo estado fronteiriço do Acre), e ainda lembram que o país limítrofe já possue “antecedentes complicados” nestes empreendimentos conjuntos, por exemplo no caso da barragem de Itaipú, que divide com o Paraguai.

Os líderes entrevistados afirmam que até agora nem a empresa nem os governos têm explicado com clareza como será levada adiante a relocalização das comunidades despejadas e como serão pagas as indenizações. Nesse mesmo sentimento de repúdio ao projeto binacional foi registrado pela enviada de IPS a esta zona do Peru.

“Em Puerto Manoa, um dos primeiros povos de Puno que seria relocalizado, as paredes gritam "Não ao projeto Inambari", e cartazes nas casas, a maioria delas de madeira e tetos de zinco”, diz a matéria.

Foto: http://www.flickr.com/photos/mattshonfeld/

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