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8 de noviembre de 2010 | | |

Milhares de verdadeiras soluções

Camponeses convocam mobilizações mundiais por justiça climática

A Via Campesina Internacional exige que as nações do mundo
implementem “as milhares” de soluções reais à mudança climática na próxima conferência internacional das Nações Unidas sobre o tema, que será realizada em Cancún, no México. Com o lema “Milhares de soluções do povo frente à mudança climática!”, os camponeses chamam os movimentos sociais a se mobilizarem no mundo com essa demanda.

“Se a agricultura industrial é uma das grandes culpadas da crise climática, a agricultura sustentável em pequena escala, e os mercados locais podem contribuir no longo prazo a estabilizar as temperaturas do mundo”, expressa um documento que acaba de ser circulado pela Via Campesina.

No dia 29 de novembro começa em Cancun, a XVI Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática. A reunião termina no dia 10 de dezembro. A Vía já havia feito meses atrás um chamado a mobilizações internacionais para exigir justiça climática, sob o lema “Milhares de Cancun”.

O novo documento divulgado agora pelos camponeses indica que os habitantes do meio rural poderiam reduzir as emissões globais atuais mediante a recuperação a matéria orgânica do solo, a substituição da produção industrial de carne por uma produção diversificada em pequena escala, a expansão dos mercados locais de alimentos e o freio ao desmatamento. Para a organização falta a decisão política dos governos.

Tanto a agricultura industrial quanto o desmatamento são consideradas as atividades importantes na emissão de gases de efeito estufa. Em troca, “a produção alimentar sustentável local utiliza menos energia, elimina a dependência de alimentos compostos importados e retém o carbono no solo, ao mesmo tempo que aumenta a biodiversidade”, indica a Vía. “A agricultura camponesa diversificada e de pequena escala é muito mais resistente a inundações, desmoronamentos, pragas e secas de longa duração”, acrescenta.

Os trabalhadores rurais consideram que as negociações climáticas “parecem cada vez mais um grande mercado”, onde os países industrializados, historicamente responsáveis pela maioria das emissões de gases de efeito estufa, “estão inventando todos os truques possíveis para evitar reduzí-las”. Dentre esses truques destacam o “Mecanismo para um Desenvolvimento Limpo” (MDL), que permite que os países ricos continuem contaminando, ao tempo que compram créditos de carbono de projetos implementados no Sul global. Isto permite compensações de carbono, e não reduções nacionais dos países mais ricos, que são urgentes, explica o texto.

Por sua vez, sempre conforme a Vía Campesina, as corporações transnacionais estão tentando “embolsar” o máximo de dinheiro possível, “vendendo tecnologias destrutivas disfarçadas atrás da mentira de que podem solucionar a crise climática, como os agrocombustíveis”.

A Vía repudia o MDL, o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das Florestas (REDD), a geoengenharia, a ingerência do Banco Mundial na administração do financiamento climático e o mercado de carbono, porque tem sido um fracasso total na hora de reduzir a contaminação.

Por isso os camponeses exigem que a Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática adote as demandas do Acordo dos Povos, que surgiu da Cúpula Mundial dos Povos sobre Mudança Climática, realizada em abril em Cochabamba, Bolívia.

“A agricultura familiar não só contribui positivamente com o equilibro do carbono do planeta, como também cria 2,8 bilhões de postos de trabalho, para homens e mulheres em todo o mundo, e é o melhor modo de lutar contra a fome, a desnutrição e a crise alimentar atual”, afirmam os camponeses. “Se tivermos acesso à terra, a água, educação e a saúde, e recibermos apoio nas políticas de soberania alimentar, continuaremos alimentando o mundo e protegendo o planeta”, concluem.

Foto: http://www.flickr.com/photos/jmdesfilhes/

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