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16 de diciembre de 2010 | |

Da anedota ao contexto

Entrevista com Tamara Rosello do Centro Martin Luther King (Cuba): as mídias comunitárias na Revolução

Nos marcos do Encontro Internacional “Construindo uma agenda democrática em comunicação” conversamos sobre o papel das mídias alternativos em Cuba e América Latina.

Frequentemente a realidade comunicativa cubana é pensada como reduzida a algumas grandes mídias públicas que a tratam a realidade da ilha e sua revolução socialista. No entanto, a atualização tecnológica por um lado e a necessidade de ampliar o espectro de vozes por outro tem gerado na Cuba de hoje um tecido de mídias alternativas com crescente incidência na população.

É o que afirma a integrante do Centro Martin Luther King de Cuba, Tamara Rosello, à Rádio Mundo Real, num diálogo sobre mídias alternativas no continente propiciado nos marcos do Encontro “Construindo uma agenda democrática em comunicação” que, com organização da Agência Latino-americana de Informação (ALAI) e patrocínio da UNESCO, foi realizada na capital equatoriana, Quito.

“Em Cuba há um grupo de mídia que tem o desafio de aproximar mais a realidade das pessoas às telas, às rádios, aos sites de Internet. São estas as mídias alternativas ou comunitárias, das quais fala-se muito pouco. Há um movimento que tem tomado força diante do desenvolvimento de algumas capacidades tecnológicas, gerando um diálogo por parte da população mais ativa com as mídias”, indica Tamara.

A comunicadora, que edita ainda a revista “Caminos” publicada pelo próprio CMLK, conta que através destas mídias comunitárias respondem à necessidade da população de que os próprios debates em seu país sejam comunicados de forma realista e indica que ainda não tem se atingido, apesar do alto nível cultural da população, uma leitura tão crítica como for necessária das mídias e suas mensagens.

Necessidade de potencialidades

Um dos principais esforços que orientou o encontro, celebrado na sede da FLACSO no Equador, foi a aproximação de uma agenda de temas comuns para as mídias, bem como o tecido de mecanismos de colaboração e complementação num marco político continental não de resistência mas de iniciativa rumo a um modelo alternativo de sociedade.

“O momento é favorável” para estes acordos, indispensáveis para conectar esforços e enriquecer um processo histórico de resistência e construção de alternativas, resumiu na primeira jornada de trabalho Osvaldo León, diretor da ALAI.

Para o jornalista equatoriano, a cobertura informativa do golpe de estado contra o ex-presidente de Honduras José Manuel Zelaya em maio de 2009 refletiu, a necessidade das redes de comunicação alternativas na solidariedade e denuncia, embora também deixou às claras as fragilidades a serem superadas.

Superar o “eventismo”

A comunicadora cubana indica que, sem ser o único, o espaço comunicativo deve ser revalorizado e ampliado como instrumento para a construção de um novo modelo de sociedade, modificando inclusive os vínculos interpessoais.

“Trata-se não só de reagir diante do que nos está propondo como agenda o contrário, mas também de construir processos. Isto pode ser mais esgotador e mais para o longo prazo e não é tão imediato como quando saímos através das mídias e às ruas a deter um golpe de estado ou a denunciar a ALCA. Há uma acumulação que tem a ver com outra construção também nas mídias para superar esse ’eventismo’”, disse Tamara Rosello.

Foto: ucr.ac.cr

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