Radio Mundo Real

O eucalipto começou a se expandir no estado de Minas Gerais, a partir da década de 1970, principalmente com dois objetivos: produzir carvão vegetal para as corporações siderúrgicas e fornecer matéria-prima para as fábricas de celulose.

O modelo foi instalado com a ajuda de incentivos fiscais, mas seus efeitos sociais têm sido devastadores. As comunidades camponesas, indígenas e quilombolas têm ficado absolutamente isoladas entre as plantações de eucaliptos.

A migração rural para os centros urbanos continua avançando, as vertentes de água foram lentamente secando e não há quem detenha o processo de concentração da propriedade da terra.

Sobre esta situação, Rádio Mundo Real esteve conversando com Enio Bohnenberger e Cristiano Meirelles, do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Minas Gerais.

Meirelles, da localidade mineira de Montes Claros, contou que essa zona do Brasil não se caracteriza por um grande desenvolvimento tecnológico, explicou que sua economia tem estado historicamente ligada à pecuária extensiva e acrescentou atualmente maioria das famílias trabalha na indústria do carvão, em condições infra-humanas.

Além disso, afirmou que a agricultura familiar não conta com o apoio do governo, e que a expansão da monocultura de eucalipto provocou danos sociais em diferentes níveis.

Bohnenberger coincidiou em que o Estado brasileiro promove este modelo insustentável mediante a isenção de impostos e a concessão de licenças ambientais. “Além de financiar, o Estado atua como uma garantia de que nada vai acontecer a essas empresas”.

Trata-se de um modelo econômico absolutamente dependente da economia internacional e a última crise financeira o demonstra. Para o MST, desde que começou a crise no fim do ano passado cerca de 200 mil brasileiros têm perdido seu emprego nos setores da minas, a celulosa e a siderurgia.

Ouvimos a seguir a entrevista completa com os dois militantes do MST de Minas Gerais.