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2 de octubre de 2012 | | | | |

Uma vida de lutas

Presidente da Amigos da Terra Internacional recebe mais um prêmio: desta vez por sua luta na defesa dos Direitos Humanos

O presidente de Amigos da Terra Internacional, Nnimmo Bassey, receberá o prêmio Rafto 2012 em reconhecimento a sua longa trajetória de luta pelos direitos das pessoas à vida, à saúde, à alimentação e à água, em um mundo atingido pela mudança climática e a destruição ambiental generalizada.

“Através de seu trabalho sobre direitos e sua crítica ao atual sistema, Bassey tem demostrado que os direitos humanos podem contribuir a diminuir os efeitos dessas mudanças”, afirma a Fundação Rafto, que no dia 27 de setembro anunciou que o ecologista seria o ganhador do prêmio em uma coletiva de imprensa na Casa Rafto de Direitos Humanos, na cidade de Bergen, Noruega.

O prêmio será entregue no dia 4 de novembro nessa mesma localidade. Desde 1987, a Fundação Rafto concede a cada ano o Prêmio Rafto de Direitos Humanos a defensores desses direitos e da democracia.

“Me sinto honrado e estou muito agradecido pelo anúncio. Tenho uma muito boa opinião sobre a Fundação Rafto devido a seu compromisso com os defensores dos direitos humanos”, disse Bassey em um comunicado de imprensa da Amigos da Terra Internacional, federação de organizações ecologistas presentes em cerca de 80 países. “Tenho lutado contra a contaminação do petróleo e em defesa dos direitos humanos na Nigéria durante décadas. Tenho defendido as comunidades atingidas, com as quais exigimos justiça. Exercemos pressão com a convicção de que a verdade vencerá”, disse ainda Bassey.

O ecologista também é o diretor executivo da Environmental Rights Action – Amigos da Terra Nigéria, que durante décadas tem denunciado os abusos da empresa anglo-holandesa Shell na zona nigeriana do Delta do Níger e tem acompanhado as comunidades atingidas. As fugas de petróleo da Shell nessa região, calculadas em várias centenas por ano, somadas a sua queima de gás, entre outras coisas, representam um dos casos mais emblemáticos de grave contaminação ambiental em nível mundial.

“Esperamos que seja feita justiça logo, após uma importante audiência judicial contra a Shell na Holanda. A terrível contaminação que a empresa provocou na Nigéria será examinada durante uma audiência que acontecerá no dia 11 de outubro na Haya. Está previsto que o veredito seja anunciado no início de 2013”, contou Bassey no comunicado da Amigos da Terra Internacional.

A Shell teve que enfrentar vários julgamentos por denúncias da Amigos da Terra Nigéria e Amigos da Terra Holanda, junto a moradores atingidos do Delta do Níger. O parlamento holandês também tem analisado especialmente o comportamento da companhia na Nigéria.

A meados de 2009, a Shell aceitou pagar, em um acordo extra-judicial, uma indenização de 15,5 milhões de dólares a familiares de vários ativistas assassinados pela ditadura nigeriana em 1995. Os demandantes haviam acusado à empresa de cumplicidade desses crimes na Corte Federal do Distrito de Nova Iorque, Estados Unidos.

Dentre os ativistas assassinados pelo regime ditatorial nigeriano em 1995 estava o reconhecido poeta Ken Saro-Wiwa, fundador do Movimento para a Sobrevivência do Povo Ogoni, que nasceu em 1990 para protestar contra a contaminação gerada pelas petroleiras nos territórios dessa etnia.

Em setembro de 2010 Bassey foi nomeado um dos vencedores do prêmio “Right Livelihood Award”, também conhecido como Prêmio Nobel Alternativo.
O juri premiou Bassey por ter revelado os horrores ecológicos e humanos da produção do petróleo, e destacou seu trabalho para reforçar o movimento ecologista na Nigéria e no mundo.

“Este prêmio é um reconhecimento às lutas conjuntas nas que temos participado com as comunidades locais na Nigéria e outros países, em defesa dos direitos humanos e ambientais”, disse Bassey à Rádio Mundo Real naquele então. “Acredito que este prêmio também indica que as lutas dos povos devem ser apoiadas. As corporações transnacionais e outras agências destrutivas não podem agora continuar seu agir sem serem chamadas para prestar contas”, acrescentou.

Foto: http://justiceinnigerianow.org

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