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7 de noviembre de 2012 | | | | | |

Saro-Wiwa na memória

Rumo ao Dia de Comemoração dos Heróis e Mártires da Luta contra a Mineração, o Petróleo e o Gás

“Amigos da Terra Internacional (ATI) o dia 10 de novembro, comemora a morte de Ken Saro-Wiwa como um dia de solidariedade com as vítimas das atividades da mineração, gás e petróleo em todo o mundo e como uma celebração de todos os lutadores que continuam resistindo”, diz um comunicado de imprensa da federação ecologista nesta quarta-feira.

Ken Saro-Wiwa era um poeta reconhecido na Nigéria, fundador em 1990 do Movimento para a Sobrevivência do Povo ogoni, que foi criado para se manifestar contra a contaminação das petroleiras nos territórios desse povo, conhecidos como Ogonilândia, na zona do Delta do Níger. No dia 10 de novembro de 1995 Saro-Wiwa foi enforcado pela ditadura nigeriana do general Sani Abacha junto com outros oito ativistas ogoni.

A empresa anglo-holandesa Shell tem extraído petróleo no Delta del Níger durante mais de 50 anos e suas atividades ali continuam tendo enormes impactos negativos sobre populações locais. As fugas petroleiras em seus oleodutos e a queima de gás que tem realizado representam um dos maiores desastres ambientais do mundo.

Saro-Wiwa liderou as manifestações contra as atividades petroleiras e foi o porta-voz da resistência, sendo perseguido e preso em várias ocasiões, até que o regime ditatorial condenou-o a morrer na forca com um julgamento pactado, com acusações falsas de assassinato e sem ter a possibilidade de se defender.

A Shell foi indicada como cúmplice da ditadura nigeriana no assassinato dos oito ativistas e acusada por vários setores, com apoio de organizações internacionais. De fato, os familiares dos ativistas assassinados em 1995 fizeram um julgamento contra a empresa, que em junho de 2009 foi forçada a pagar 15.5 milhões de dólares de indenização.

Para ATI este sábado será um dia de solidariedade com as vítimas das atividades da mineração, gás e petróleo nas diversas regiões do mundo. Será também um dia de celebração por todos os lutadores que continuam resistindo contra essas atividades. Essa é a forma em que a federação ecologista tem decidido comemorar a morte de Ken Saro-Wiwa.

Ativistas da ATI de cerca de 80 países estão reunidos em El Salvador em uma assembleia geral. De 13 a 20 de novembro, 15 ecologistas da federação participarão de uma missão de solidariedade em comunidades que foram atingidas pela mineração em El Salvador e Guatemala, .

Desde que a ATI publicou o relatório “Memória, verdade e justiça para os heróis” em novembro de 2011, que divulga casos de assassinatos e violações de direitos humanos de ativistas em resistência contra a mineração, o petróleo e o gás em diversas partes do mundo, o número desses assassinatos e as perseguições de líderes comunitários não têm diminuído. É o preço que pagam os lutadores sociais por defenderem seus territórios contra os abusos das indústrias extrativas.

Essas indústrias “têm provocado alguns dos piores desastres ambientais e têm desalojados dezenas de milhares de pessoas de suas terras tradicionais”, indica o comunicado de imprensa da ATI de hoje. “Os abusos cometido pelas indústrias extrativas têm custado vida de muitos defensores do meio ambiente e de muitas comunidades”, acrescenta.

O comunicado afirma ainda que a destruição de comunidades e ecossistemas, provocada pelas indústrias extrativas tem gerado o surgimento de um movimento mundial de resistência, que luta pela justiça e a defesa da vida, a terra, os recursos, a biodiversidade, as formas tradicionais de sustento e as culturas.

“ATI reafirma seu apoio às comunidades que resistem contra os projetos de extração destrutivos, em suas lutas contra as injustiças sociais e para atingir justiça ambiental e econômica”, expressa a federação ecologista.

Em matéria do programa internacional Democracy Now! do dia 28 de maio de 2009, a jornalista Amy Goodman conta que Ken Saro-Wiwa disse a ela em uma entrevista em 1994 que “às empresas petroleiras gostam das ditaduras militares porque, basicamente, sob estas ditaduras podem roubar”. “As ditaduras são brutais com as pessoas, e podem negar os direitos humanos das pessoas e das comunidades muito facilmente, sem escrúpulos. (...) No que diz respeito a mim, sou um homem marcado”,contava o ativista ogoni nesse então.

Pouco depois, antes de seu assassinato e já na cadeia, Saro-Wiwa escreveu uma alegação de defesa que foi silenciado pela ditadura nigeriana e não pôde ler. “Profundamente convencido de minha inocência em relação às falsas acusações das quais sou objeto, faço um chamado ao povo ogoni, aos povos do Delta del Níger e às minorias oprimidas da Nigéria para que se levantem e lutem pacificamente por seus direitos. Deus e a história estão de seu lado”, dizia parte de sua carta.

Foto: http://www.tumblr.com

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