Radio Mundo Real

Três fazendas cooperativizadas estão pendentes de serem desalojadas por ordens arbitrárias da Corte de Justiça hondurenha a favor de latifundistas, denunciou-se por parte do movimento camponês desse país centro-americano.

Trata-se das cooperativas El Despertar, la Trinidad e La San Isidro afiliadas ao Movimento Autêntico Reivindicador Camponês de Aguan (MARCA) parte da Via Campesina Honduras.

Suas terras são cobiçadas por grandes empresários e latifundistas tanto de Honduras quanto da Nicarágua com a finalidade de instalar monoculturas de cana-de-açúcar e palma dendezeira para agrocombustíveis. Uma velha história em Aguán, região onde houve mais conflitos por terra e onde têm atingido maiores graus de violência com meia centena de mortes de líderes e comunitários neste ano.

MARCA denunciou o favoritismo e a cumplicidade dos mecanismos judiciais hondurenhos a favor dos empresários em uma rodada de imprensa celebrada nesta terça-feira 28 em Tegucigalpa, a capital.

Nela, o referente da Via Campesina Rafael Alegria disse que se ignorou a existência de um recurso de amparo a favor dos campesinos, utilizando outras ferramentas jurídicas ilegítimas.

As empresas envolvidas são OLEOPALMA propriedade do nicaraguense René Morales Carazo e a Corporação Dinant, do latifundista Miguel Facusé.

Uma das lideranças de MARCA, Ramón Navarro, registrou um longo caminho seguido pelas cooperativas para obter formalmente sua terra, enfrentando-se assim aos interesses empresariais.

A Corte decidiu anular os documentos dos camponeses e voltar a estabelecer a propriedade dos latifundistas, diz Navarro.

O movimento camponês, por sua vez, responsabilizou diretamente a Corte Suprema de Justiça, o Congresso Nacional e ao governo “o general do agravamento da crise em Bajo Aguán e qualquer banho de sangue camponesa que poderia acontecer nos próximos dias”.

Foto e matéria de Mabel Márquez / VC Honduras para Rádio Mundo Real