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29 de Novembro de 2010 | Notícias | Justiça climática e energia | COP 16
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Representantes de organizações e movimentos sociais de cerca de 30 países africanos, asiáticos e latino-americanos estão reunidos desde sexta-feira em Cancún, México, para compartilhar o trabalho feito em matéria de financiamento climático e coordenar ações futuras. O encontro vai até o dia 5 de dezembro.
Integrantes de organizações indígenas, de pescadores, camponesas, de mulheres, sindicatos e organizações não governamentais dessas regiões participam do que tem se denominado “Cúpula Sul – Sul sobre justiça climática e financiamento para o clima”, sendo uma das atividades paralelas à conferência das Nações Unidas (COP 16) sobre Mudança Climática em Cancún.
A cúpula tem sido convocada pela rede internacional Jubileu Sul e a Aliança Pan Africana de Justiça Climática, com o apoio da rede ambientalista Amigos da Terra da América Latina e o Caribe.
Rádio Mundo Real entrevistou a coordenadora da Jubileu Sul, Beverly Keene. “Primeiro, deve se reconhecer que a crise do clima faz parte da crise econômica, financeira, do modelo de desenvolvimento reinante em todo o mundo. E esta crise climática é um indício de que esse modelo não pode continuar mais”, disse a ativista no início da entrevista.
O questionamento ao sistema capitalista de produção e consumo está na base das propostas dos movimentos e organizações sociais que lutam por justiça climática. “Este modelo não é sustentável e é necessário mudá-lo, construir em nossos países, tanto no Sul quanto no Norte, novos modos de produção, consumo, novas formas de convivência com o resto da natureza”, considerou Keene.
A ativista lamentou que “neste momento pode se transformar a água, o ar, a terra, em commodities para vender, comprar, compensar e utilizá-los no mercado de Chicago. Isso é uma loucura, e essa loucura nos está matando”.
Rádio Mundo Real consultou a coordenadora internacional da Jubileu Sul sobre o papel que o Banco Mundial pretende ter na gestão dos fundos internacionais da luta contra da mudança climática. Keene manifestou que o Banco Mundial tem um historial de quarenta anos de “expoliação em nossas regiões”, de imposição das políticas neoliberais e os ajustes estruturais, de implantação de um modelo de desenvolvimento extrativista, de saqueio dos bens naturais e orientado para a exportação. Instituições deste tipo “não podem ser agora as responsáveis de resolver a crise do clima”, disse Beverly.
A representante de Jubileu Sul esclareceu que é preciso “reconhecer que o problema do clima não vai se resolver atirando dinheiro aqui e acolá”. A solução passa por “mudar um modelo de produção, de consumo, de funcionamento de nosso sistema político”, afirmou novamente.
A ativista disse que os principais desafíos dos movimentos sociais em Cancún passam por fortalecer as mobilizações nesta cidade e em nível internacional exigindo uma “mudança de sistema e não do clima”. Destacou o trabalho que deve-se fazer nas ruas de sensibilização, formação e mobilização.
Finalmente, nossa entrevistada referiu-se aos passos necessários para caminhar rumo à justiça climática. Explicou que “deve-se fortalecer a resistência à consolidação deste modelo devastador e reconhecer que temos que articular melhor nossas lutas em diversos cenários”. “Precisamos procurar um relacionamento entre a comunidade humana e a natureza muito mais integral e sustentável, reorientar nossas economias para que não sejam tão dependentes da energia”, argumentou. Finalmente falou das pequenas comunidades em todo o mundo, especialmente as indígenas: “há muita sabedoria ali que precisamos ver e ouvir das grandes urbes”.
Foto: Rádio Mundo Real
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