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30 de Março de 2011 | | | |

"Peguem essa daí, não deixem ela ir embora"

Entrevista com ativista detida e agredida brutalmente ontem em Honduras

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A presidenta da Organização Fraternal Negra Hondurenha, Miriam Miranda, saiu na segunda-feira cedo para uma manifestação pacífica da comunidade garífuna em El Boquete, a cerca de 10 quilômetros da cidade de Tela, departamento de Atlántida. Não voltou para sua casa. Foi detida e agredida pela polícia, levada para a cadeia e acusada de sedição. Nada novo, pão de cada dia da Honduras ditatorial.

Miriam foi ferida em seu estômago, pelas queimaduras que lhe provocou uma bomba de gás lacrimogêneo. Ontem também chegou a ter problemas respiratórios. Um pedido de hábeas corpus apresentado por seus advogados e a pressão de vários dirigentes sociais possibilitou que a ativista fosse levada da cadeia de Tela para o hospital Tela Integrado, fortemente custodiada por militares e policiais. Depois foi liberada condicionalmente. Agora a defesa de Miriam trabalha que seja liberada definitivamente.

Às 6 da manhã da segunda-feira cerca de 150 garífunas realizavam uma mobilização pacífica na zona de El Boquete contra os atropelos a seu direito à terra, rejeitando o aumento de preços dos produtos da cesta básica familiar e em solidariedade com o sindicato magisterial, que luta contra a privatização da educação no país.

Após 20 minutos chegou ao local um grupo de cerca de 25 policiais e militares, que agrediram os manifestantes e fizeram detenções seletivas. Outro integrante da Organização Fraternal Negra Hondurenha, Milton Casildo, também foi preso, agredido e atacado com gases lacrimogêneos. Como Miriam, Milton já foi liberado.

Rádio Mundo Real entrevistou a presidenta da Organização Fraternal Negra Hondurenha, já de vota a seu trabalho. “Ainda estou um pouco comovida, mas pronta para continuar lutando”, começou dizendo a ativista.

“A repressão estava claramente destinada a mim, porque inclusive o chefe da polícia, o suboficial Sánchez, gritava a seus subalternos ’peguem essa daí, não deixem ela ir embora’”, contou Miriam. “Fui agredida brutalmente, arrastada pela estrada e atirar uma das bombas lacrimogêneas em mim, que me queimou o estômago, e tive uma intoxicação bronquial”, acrescentou.

Miriam foi acusada de sedição e de ser “uma pessoa perigosa para a segurança interna do país”. A ativista não tem dúvidas de que a intenção era deixá-la presa, considerando que foi liberada graças à pressão nacional e internacional e o trabalho dos advogados da Frente Nacional de Resistência Popular, nascida contra o golpe de Estado de 28 de junho de 2009.

Por exemplo, Amigos da Terra Internacional, federação ambientalista presente em cerca de 80 países, e que conhece de perto o trabalho de Miriam em defesa dos territórios das comunidades garífunas, reagiu com preocupação. Ontem integrantes do comitê executivo desta federação ligaram várias vezes para Promotoria de Tela para manifestar seu alerta.

Conforme Miriam, o suboficial Sánchez afirmou durante o operativo de ontem contra os manifestantes garífunas, que se a polícia e os militares conseguiam fazer com que caíssem as “cabeças” do movimento, todo seu trabalho caía. “Isso é uma clara criminalização do protesto, dos movimentos sociais”, disse a ativista.

Miriam reconhece que teme por sua vida, porque sabe que está “na mira deste governo sucessor do golpe do Estado”. Além disso, a liberdade condicional que recebeu, que pode ser detida novamente em qualquer momento.

A presidenta da Organização Fraternal Negra Hondurenha considera que a repressão no país nunca havia sido tão brutal como agora, e afirmou que as comunidades garífunas nunca haviam se sentido tão reprimidas como ontem. “Estão usando as bombas lacrimogêneas não só para dispersar, mas como arma contra as pessoas em resistência e mobilizadas. As bombas lacrimogêneas matam, já o comprovamos nas mobilizações em Tegucigalpa” (capital do país), afirmou. Essa cidade está totalmente sitiada por militares e policiais, denuncia Miriam.

Mesmo assim, a ativista hondurenha destaca que o povo de seu país está resistindo e que as organizações e comunidades estão se fortalecendo para defender seus direitos. “Apesar de as mídias da oligarquia deste país quererem ocultar a verdade, este é um povo que está em resistência permanente. Há milhares de pessoas que estamos lutando por um país melhor”, considerou. “Há uma oligarquia que utiliza Honduras como sua fazenda privada e isso não vamos permitir todos aqueles e aquelas que estamos em resistência”, disse Miriam.

Foto: Facilitada por organizações sociais hondurenhas.

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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