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23 de Junho de 2011 | | | |

Por uma refundação real

Movimentos sociais hondurenhos na encruzilhada: entrevista com dirigente garífuna

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A volta de Honduras à Organização de Estados Americanos (OEA) foi “outro golpe para as democracias da América Latina”, que colaborou para que o governo de facto de Porfirio Lobo continue com seu regime de terror, disse nesta quinta-feira a dirigente garífuna hondurenha Miriam Miranda.

“Honduras transformou-se realmente numa sociedade altamente militarizada, com um nível de violência absoluta, terrível, e há uma grande perseguição e criminalização dos protestos sociais”, disse à Radio Mundo Real Miranda, coordenadora da Organização Fraternal Negra Hondurenha (OFRANEH), que representa o povo garífuna.

Várias organizações sociais nacionais, dentre elas a OFRANEH, estão convocando para uma “Jornada Continental de Solidariedade com Honduras” para os dias 26, 27 e 28 de junho, quando serão completados dois anos do golpe de Estado do ditador Roberto Micheletti e as Forças Armadas. As organizações convocantes destacam que há uma “legalização do golpe de Estado em instâncias internacionais”, ao tempo que em Honduras aumenta a repressão contra as lutas sociais e as violações dos direitos humanos em general.

A OEA readmitiu Honduras no dia 1º de junho, depois que o ex-mandatário Manuel Zelaya e Lobo assinassem um acordo para a “reconciliação nacional”. Com o convênio, Lobo compromete-se, entre muitas outras coisas, a zelar pelo respeito aos direitos humanos no país.

Foi “um pacto promovido de fora para legitimar este governo, que é produto de um golpe de Estado, e não foi um pacto feito com a população hondurenha”, disse Miranda. Honduras apenas voltou à OEA e foi reiniciada “a maquinária” para criminalizar movimentos sociais e pessoas próximas a Zelaya, acrescentou a dirigente.

A coordenadora da OFRANEH considera grave o chamado“pós-golpe”, tão nefasto quanto o próprio momento do golpe. “O golpe de Estado o que fez foi fortalecer a direita e os investimentos, foi como uma invasão domiciliar para que pudesse ser entregue a soberania, os territórios, os recursos naturais e os bens comuns a pessoas estrangeiras, em detrimento dos interesses e os direitos do povo hondurenho”, manifestou Miranda. “Isso é o que tem deixado o golpe de Estado”, a oligarquia nacional acredita que pode fazer do país “o que bem entender”, acrescentou.

A Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), que reuniu os movimentos indígenas, camponeses, operários, de mulheres, entre tantos outros, contra a ditadura, tem agora Zelaya como coordenador geral e avalia a possibilidade de se transformar em partido político para disputar a presidência em 2013. A Frente rejeitou a readmissão de Honduras na OEA e disse não reconhecer o governo de Lobo, mas considerou o acordo que esse presidente de facto firmou com Zelaya como um passo a mais para a restituição democrática do país.

A dirigente destacou a fortaleza da FNRP e o trabalho que tem feito desde o golpe de Estado. Também destacou a liderança político de Zelaya e a impressionante mobilização para seu recebimento no dia 28 de maio.

Porém, Miranda se opõe à possibilidade de a Frente se transformar em um partido político. “Nós acreditamos que o maior problema que pode se ter neste momento é transformar a Frente em partido político, porque significaria enterrá-lo automaticamente ”.

A OFRANEH e várias organizações e movimentos sociais criaram o “Espaço Refundacional de Honduras” e neste domingo participarão na assembleia da FNRP para levar sua posição contra a criação de um partido político. “Não há divisão, há uma proposta política”, com o objetivo de trabalhar no longo prazo para “fazer mudanças mais profundas no país, mais duradouras”, esclareceu Miranda.

Durante a “Jornada Continental de Solidariedade com Honduras” haverá oficinas, seminários, debates, marchas e mobilizações. Está previsto encerrar os três dias de atividades com uma marcha até a base estadunidense de Palmerola, também chamada Soto Cano, perto da cidade de Comayagua, no departamento com o mesmo nome. Até ali foi levado Zelaya depois de ter sido sequestrado no dia 28 de junho de 2009.

Foto: http://www.ofraneh.org

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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