Por isso, os assalariados vinculados aos agrocombustíveis foram parte central do II Fórum Nacional sobre Agrocombustíveis na Colômbia celebrado semana passada em Bogotá.

Neste caso contamos com a entrevista de Raúl Antonio Chacón e José Reinel Flores. O primeiro provém da região de Valle del Cauca, principal zona de cultivo extensivo de cana de açúcar com destino a etanol carburante. O segundo, faz parte de uma das chamadas “Cooperativas de Trabalho Associado” que é a forma de flexibilidade trabalhista que as empresas têm encontrado, em Puerto Wilches, para o processamento de palma africana para a extração de óleo que será processado em agro-diesel.

No dia 7 de julho na região de Puerto Wilches trabalhadores da palma iniciaram negociações coletivas com a Empresa Oleaginosas de Bucarelia e perante a intransigência da empresa entraram em greve, o que aconteceu no dia 23 de agosto e que continua até agora.

Hoje completam-se quase dois meses de greve, sem que os trabalhadores obtenham seus salários, o que provoca uma grave crise humanitária. Os trabalhadores protestam contra as violações de direitos trabalhistas, pela pretensão da empresa de destruir a Convenção Colectiva pactada com os trabalhadores e pelas condições de superexploração trabalhista e negação de direitos fundamentais através do sistema de intermediação do emprego que os empresários da palma contratam através de bolsas temporárias e supostas “Cooperativas de Trabalho Associado”.

Cerca de 7.000 trabalhadores sindicalizados pertencentes a estas “CTA” bloqueiam cinco extratoras de óleo destas empresas de palma, impedindo seu funcionamento.

No dia 15 de outubro ao meio-dia, esquadrões do ESMAD da Polícia de Magdalena Medio de Barrancabermeja arremeteram brutalmente contra os trabalhadores, batendo neles e lançando gases e bombas de atordoamento contra a população civil, onde havia mulheres, anciãos e crianças.

Foi solicitado então o acompanhamento nacional e internacional de Organizações de Direitos Humanos, dos organismos nacionais do Ministério Público, como a Defensoria do Povo e a Procuradoria Geral da Nação, a Vice-presidência da República para que não sejam judicializados os líderes sindicais e dirigentes da greve.

Cortadores de cana

Estas manifestações de trabalhadores pelo reconhecimento de seus direitos trabalhistas e condições dignas de trabalho tiveram seu principal antecedente com protestos em 2008 feitos por trabalhadores da cana de açúcar na região de Valle del Cauca, onde se concentra uma das maiores agroindústrias do país para a produção de etanol. A greve foi extensa e terminou com o triunfo dos trabalhadores, que por primeira vez tiveram direito a participar pesagem da cana que cortavam, de onde provinha sua remuneração.

Esse protesto trouxe como consequência o início de uma estratégia empresarial para mecanizar o setor, o que tem se refletido no despejo de centenas de trabalhadores. Vários dos dirigentes sindicais e acompanhantes têm sido submetidos a um julgamento que já vai por sua sexta audiência, cheio de falsos depoimentos das empresas.

Foto: portafolio.co