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16 de Maio de 2012 | Notícias | Cúpula dos Povos no Río+20 | Justiça climática e energia
“Pedir ao Banco Mundial que seja uma força importante na solução aos problemas ambientais seria como pedir que fosse criado um Instituto de Direitos Humanos e fossem designados os falecidos ’Tacho’ Somoza (Anastásio, ex-ditador nicaraguense) e Pinochet (Augusto, ex-ditador chileno) para dirigi-lo”.
Dessa forma o presidente de CESTA – Amigos da Terra El Salvador, Ricardo Navarro, deu sua opinião sobre o envolvimento do Banco Mundial em algumas propostas oficiais para enfrentar as ameaças ao meio ambiente no mundo. “O Banco Mundial é um dos principais responsáveis pelo deterioramento ambiental do planeta. Subsidiou todo o uso de combustíveis fósseis, toda a exploração de carvão, de petróleo, as grandes barragens hidrelétricas”, explicou Ricardo.
O presidente de CESTA fez estas declarações em uma conferência de imprensa da organização realizada na segunda-feira na capital salvadorenha, San Salvador, e que foi gravada em vídeo e enviada à Rádio Mundo Real pela equipe de comunicações do grupo ambientalista. O objetivo do chamado à imprensa foi expressar algumas advertências e preocupações face à Conferência de Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável (também chamada Rio+20), que será realizada em junho no Rio de Janeiro, Brasil.
“Várias organizações internacionais como Amigos da Terra Internacional, a Via Campesina, expressamos nossa posição de que estamos preocupados pelas sérias limitações que vai ter esta reunião”, indicou Navarro. “Aqui o que nós vemos é que as Nações Unidas, apesar de considerá-la como a instância internacional mais importante e democrática das que existem, está sendo cooptada pelas grandes corporações transnacionais”, acrescentou.
No dia 10 de maio a federação ambientalista Amigos da Terra Internacional, presente em cerca de 80 países, alertou que o lobby dos grupos de pressão empresarial nas negociações da ONU consegue impedir que sejam implementadas soluções efetivas às crises globais como a mudança climática, a fome, a pobreza, a falta de acesso à água e o desmatamento. O lobby empresarial dentro da ONU serviu, em troca, para que sejam instrumentadas falsas soluções que respondem aos interesses das empresas, que passam a ter maior controle sobre terras, recursos naturais e pessoas, acrescentou a rede ambientalista em um comunicado de prensa.
Navarro falou sobre o impulso à “economia verde” desde diversos setores empresariais, um dos temas centrais de Rio+20. Sob esse conceito são incluídas inúmeras iniciativas que produzem uma mercantilização da natureza, e que concedem inclusive valor econômico a certos processos naturais, para abrir novas possibilidades de negócios com a desculpa de enfrentar a crise ambiental. Conforme denunciam centenas de organizações e movimentos sociais de diversas partes do mundo, muitos dos quais se reunirão no Rio de Janeiro de forma paralela à cúpula da ONU onde convocam para a Cúpula dos Povos, a "economia verde" tinge de verde mecanismos que só visam o lucro das grandes empresas.
Para Navarro “por trás de tudo isto continua um mesmo sistema econômico, que tem sido responsável de todas as crises que enfrenta o planeta agora”. Os promovedores da economia verde “não querem mudar a estrutura do sistema econômico, de fato dão uma grande preponderância ao mercado, e tem sido o mercado, por sua incapacidade de poder considerar os costos contra a sociedade e contra natureza, o que tem provocado as diferentes crises”, disse. O principal referente de CESTA, ex-presidente da Amigos da Terra Internacional, criticou por exemplo as apostas ao comércio de emissões contaminantes, os plantios de monoculturas para agrocombustíveis e a energia nuclear. “Sempre é a mesma lógica de mercado. E isto obviamente é aproveitado pelas grandes corporações para conduzir o processo e nesse afã continuar aumento seus lucros”.
Navarro expressou a preocupação da Amigos da Terra de que Rio+20 aparece como “uma grande oportunidade para as corporações transnacionais” para usar o mercado e continuar lucrando, enquanto o deterioramento ambiental em nível planetar aumenta.
Abaixo o vídeo da rodada de imprensa da segunda-feira em San Salvador, realizado pela Área de Comunicações de CESTA.
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