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6 de Maio de 2013 | | | |

"O direito à alimentação está em risco"

Coordenadora de REDES – AT Uruguai em Festa da Semente: “faltam políticas públicas”

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“ Tem se reconhecido em nível mundial de certa forma que a agricultura camponesa, familiar, que os produtores familiares, são os que tem um papel protagonista em resolver” a crise da fome no mundo. “Mas isso muitas vezes não se traduz no que dia a dia enfrentamos, e não há políticas ainda que estejam apontando e fortalecendo este tipo de produção e menos ainda a produção ecológica”, disse a ativista Karin Nansen no inauguração da 5ª Festa Nacional da Semente Crioula e a Agricultura Familiar no Uruguai.

“Também vemos que este tipo de iniciativas como a Rede de Sementes (Crioulas e Nativas) tampouco contam com o apoio nem as políticas necessárias para poder implementá-las e desenvolver todo sua potencial”, acrescentou a coordenadora de REDES – Amigos da Terra Uruguai na localidade de Valle Edén, departamento de Tacuarembó.

A “5ª Festa Nacional da Semente Crioula e a Agricultura Familiar: construindo a Soberania Alimentar” foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de abril e o primeiro dia foi dedicada ao “6º Encontro Nacional de Produtores de Sementes Crioulas”. As duas reuniões foram organizadas pela Rede de Resgate e Revalorização de Sementes Crioulas e Nativas do Uruguai, REDES – AT, Programa Uruguai Sustentável, Centro Agustín Ferreiro (dedicado à formação de professores rurais de Canelones), Comissão Nacional de Fomento Rural e a Faculdade de Agronomia da Universidade da República.
A Rede de Resgate e Revalorização de Sementes Crioulas e Nativas se organiza em 24 grupos locais nos departamentos de Artigas, Salto, Paysandú, Tacuarembó, Cerro Largo, Maldonado, Canelones, Lavalleja, Treinta y Tres, Montevideo, San José e Colonia, dos 19 que tem ao todo o país. Conta com 160 famílias que integram o sistema coletivo de conservação in situ.

Karin afirmou no inicio da Festa, onde também falaram representantes de vários dos organizadores, a atividade de três dias visava, entre outras coisas, a “que a sociedade toda assuma a importância destes temas” e a que “a classe política, os organismos públicos, assumam também sua responsabilidade em termos das políticas necessárias”.

A coordenadora de REDES – AT afirmou que com a crise mundial de 2008 chegou-se a 1 bilhão de pessoas com fome no mundo, apesar de décadas de promessas de organismos oficiais e governos de que se acabaria a fome com os pacotes tecnológicos como os dos transgênicos, por exemplo. Karin afirmou que se produz uma quantidade de alimentos muito maior do que a necessária para alimentar toda a população mundial, “mas esses alimentos não chegam às pessoas”.

“A crise só não é mais profunda ainda porque existe a agricultura camponesa e familiar que é a que continua alimentando o mundo”, alertou a ecologista, antes de mencionar um estudo da organização internacional Grupo ETC, que trabalha temas socio-econômicos e ecológicos globais, relacionados às novas tecnologias, e especialmente sobre os impactos da técnica sobre povos indígenas, comunidades rurais e a biodiversidade. Conforme o Grupo ETC, a agricultura camponesa e familiar é a que fornece 50 por cento dos alimentos consumidos mundo. Oito porcento é produzido em hortas urbanas, ainda há povos nômades que vivem da caça e a recoleta em alguns continentes, e “somente 30 porcento é produzido pela cadeia industrial alimentar”, manifestou Karin Nansen. “(...) Isto nos alerta sobre a necessidade de defender a agricultura familiar e camponesa”.

A ecologista alertou que há uma dependência maior das empresas agrícolas transnacionais, um forte deslocamento da agricultura camponesa e familiar, e uma grande perda de conhecimentos e de biodiversidade, que se unem à crise da mudança climática, que fará muito mais difícil a produção de alimentos em muitos dos continentes. (...) “O direito à alimentação está em risco”, disse.

Mencionou também um estudo de 2010 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês), o Relatório Estado dos Recursos Fitogenéticos para a Agricultura e a Alimentação, que afirma que houve uma perda de 75 porcento da biodiversidade agrícola mundial de 1900 até 2000. A FAO chamou a atenção também ao fato de que cada vez a população mundial depende de menos variedade de cultivos para se alimentar, e que por isso é fundamental a recuperação e a conservação de sementes.

Se bem a ativista disse “não concordar” com tudo o que propõe a FAO, destacou que está começando a ser reconhecida a “importância do conceito da soberania alimentar e há um maior diálogo com as organizações camponesas”.

Foto: Rádio Mundo Real.

(CC) 2013 Radio Monde Réel

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