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30 de Outubro de 2012 | | |

"Agro-veneno" é imposição, não necessidade

Entrevista com Cleber Folgado, coordenador da campanha permanente contra agrotóxicos da CLOC-Via Campesina

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Os agrotóxicos, produzidos por corporações transnacionais e cuja utilização tem atingido níveis alarmantes na América Latina, representam uma peça fundamental no modelo do agronegócio hegemônico na maioria dos países da América latina e Caribe.

As sementes são desenhadas em função deles e reciprocamente, representando um binômio onde o capital cresce às custas da saúde das populações, o envenenamento de águas e solos, bem como da perda de biodiversidade.

No último Congresso da Coordenadora Latino-americana de Organizações do Campo (CLOC-Via Campesina) realizado em Quito, Equador, em 2010 foi aprovada a “construção” de uma campanha permanente de visibilização e combate a esta tecnologia do veneno.

Em Manágua, Nicarágua, dois anos depois, a necessidade e pertinência desta definição foi ratificada por mais de 300 delegados e delegadas das cinco regiões da CLOC-VC presentes na Assembleia Continental.

Foi o que disse em entrevista com Rádio Mundo Real Cleber Folgado, do Movimento de Pequenos Agricultores do Brasil e coordenador de uma campanha que, mesmo que ainda esteja sendo construída, tem atingido importantes avanços e é uma das pontes entre a plataforma camponês-rural e as populações urbanas, crescentemente preocupadas pela alimentação sadia.

Cleber Folgado afirma que a campanha tem a ver com a necessidade de tornar explícito os problemas que traz esta tecnologia com base em insumos químicos, herbicidas e inseticidas genéricos tanto para com o produto final e seu consumidor, quanto para aos camponeses, camponesas e assalariados rurais que os manipulam e aplicam.

“As camponesas e camponeses no mundo têm uma grande capacidade de produzir sem veneno, o que é invisibilizado pela força do atual modelo hegemônico. Os venenos não são uma necessidade, são uma imposição”, explica Cleber na entrevista realizada no fim da assembleia celebrada em Manágua, Nicarágua.

O enfrentamento ao modelo “agro-venenoso” reivindica implicitamente a Agroecologia como contrapartida e como complemento à recuperação de saberes camponeses no marco conceitual da Soberania Alimentar.

Os objetivos da campanha reúnem a partir da questão comunicativa e jurídica, a mobilização e organização de atingidos e atingidas e a questão acadêmica, buscando fomentar pesquisas éticas e tecnicamente respeitáveis que comprovem os efeitos da indústria agrotóxica.

Cleber indica que no Brasil a campanha tem gerado interesse em nível político-parlamentar, destacou o recente lançamento da campanha na Argentina, sua projeção no Paraguai, Colômbia e no Chile e indicou que em uma próxima reunião da equipe de trabalho da campanha a ser realizada em São Paulo será atualizada a agenda de lançamentos e incidência em nível de outros países da América Latina e do Caribe.

Reação e perspectivas

Sobre a reação da grande indústria agrotóxica, especialmente no Brasil, Cleber Folgado fala de uma “criminalização acadêmica” que inclusive tem chegado a tentar levar à justiça os pesquisadores. Assim, também há um embate comunicacional e de marketing por parte das forças do agronegócio investindo grandes cifras em campanhas que a mídia do capital multiplica até a saturação.

“Seis empresas, Bayer, Basf, Monsanto, Syngenta, Dupont e Dow controlam quase 70 porcento da produção, algumas das quais também dominam as sementes e se enfrentam a problemas com a resistência do que chamam ‘malezas’. Há uma reação da natureza a toda essa agressão e eles sabem disso, e aplicam medidas institucionais, legais ou de incidência nos diferentes governos”, acrescentou Cleber.

As falsas promessas de aumento de produtividade, abatimento de custos de produção e preservação ambiental, que pretendeream justificar a introdução do “pacote” da revolução verde, claramente, não foram cumpridas.

Cleber lembra que multinacionais como Monsanto introduziram as sementes transgênicas de forma ilegal em vários países como Paraguai e Brasil, e informa que a campanha está alerta pela introdução na América Latina das sementes com a tecnologia “intacta” que incorporam novos transgenes no desenho delas, e estão associadas claramente a novos venenos.

A CLOC-VC vai propor na VI Conferência da Via Campesina Internacional mundializar a campanha permanente contra o uso de agrotóxicos na agricultura e promover o modelo agroecológico como alternativa real para alimentar a humanidade e esfriar o planeta.

Ouça a entrevista com Cleber Folgado no arquivo anexo.

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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