Na região de Magdalena Medio, os habitantes dos assentamentos, camponeses e pescadores têm feito brigadas de busca. Várias organizações sociais colombianas estão pressionando para que as autoridades competentes esgotem seus recursos para encontrar com vida a Pabón Pabón. A solidariedade internacional também surgiu: a federação ecologista Amigos da Terra Internacional, com ativistas de cerca de 80 países reunidos em assembleia geral em El Salvador, está prestes a emitir um pronunciamento público sobre o caso.

Rádio Mundo Real entrevistou a ativista colombiana Tatiana Roa, integrante de CENSAT Água Viva – Amigos da Terra Colômbia, que conta sobre o desaparecimento de Pabón Pabón, seu trabalho contra a barragem Hidrosogamoso no departamento de Santander e a preocupação das organizações colombianas.

Pabón Pabón tem 36 anos, vive no município de Sabana de Torres, também no departamento de Santander, é pai de duas meninas e tem sido um dedicado e destacado ambientalista, defensor do rio Sogamoso e das comunidades de pescadores e camponeses na região de Magdalena Medio.

Foi visto por última vez no dia 31 de outubro, quando convocava e informava a uma comunidade sobre o trabalho de uma brigada ecológica e de fumigação diante de um brote de dengue na zona. Conforme um comunicado de imprensa da quinta-feira de CENSAT Água Viva – Amigos da Terra Colômbia, integrantes dos assentamentos, camponeses e pescadores de toda a região de Magdalena Medio que conheciam a Pabón Pabón têm feito brigadas de busca por todos os arredores, como por exemplo nas paragens dos municípios de Sabana de Torres, San Vicente de Chucurí, Betulia e Barrancabermeja, todos de Santander.

Pabón Pabón chegou em 2007 ao assentamento El Peaje do município de Betulia, perto das obras de construção de Hidrosogamoso. Ali iniciou suas lutas ao lado da comunidade pelo direito à moradia dos desalojados da região de Magdalena Medio e para denunciar os impactos sociais, culturais e ambientais do empreendimento hidrelétrico. O dirigente advertiu também sobre a vulneração dos direitos das comunidades locais cometida pela empresa Isagen, construtora da barragem Hidrosogamoso.

Em 2008, o ativista, junto a outros líderes da região de Magdalena Medio, criou o Movimento Social em Defesa do Rio Sogamoso. Conforme a nota de CENSAT Agua Viva, Pabón Pabón tem participado em marchas contra Isagen e denunciado as consequências ambientais e sociais de Hidrosogamoso sobre as comunidades de camponeses e pescadores, além das péssimas condiçṍes de trabalho na construção da hidrelétrica.

O dirigente colombiano também participou em duas audiências públicas que convocadas pela Assembleia Departamental de Santander sobre a Hidrogamoso e foi porta-voz das comunidades locais, como presidente do Conselho do Assentamento El Peaje. Participou de forma destacada na greve cívica contra Isagen realizada de 14 a 16 de março de 2011, na zona de obras da barragem. “Esta valente ação de Pabón Pabón e das comunidades atingidas conseguiu fazer com que a Isagen, empresa encarregada do mega-projeto, chegasse a um acordo de 17 pontos, mas cujo cumprimento a comunidade inteira ainda está esperando”, destaca CENSAT Água Viva.
Em 2011 Pabón Pabón foi parte do nascimento do Movimento Colombiano em Defesa do Território e de Atingidos por Barragens “Rios Vivos”.

Desde 2009 vários líderes sociais têm sido assassinados em zonas próximas ao rio Sogamoso e esses crimes permanecem impunes. “Exigimos à Polícia de Magdalena Medio, à Promotoria Geral da República, à Defensoria do Povo, à Procuradoria do Município de San Vicente, à Procuradoria Regional e aos outros entes de controle público que ativem seus mecanismos próprios, com o objeto de evitar uma tragédia maior neste caso e de que o Senhor MIGUEL ÁNGEL PABÓN PABÓN apareça sã e salvo”, finaliza CENSAT Agua Viva em seu comunicado.

Foto: http://defensaterritorios.wordpress.com