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30 de Novembro de 2011 | | |

“Apartheid contra a natureza”

Entrevista com o ex-embaixador da Bolívia na ONU, Pablo Solón

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O escasso nível de compromisso dos países desenvolvidos com a diminuição de emissões contaminantes e suas pressões para aniquilar o Protocolo de Kioto para favorecer outro acordo legalmente vinculante de débil ambição, marcam um corte fundamental da atualidade das negociações das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança Climática.

A XVII Conferência das Partes (COP) começou na segunda-feira em Durban, África do Sul, com delegações de 190 países que veem passar o tempo sem que os países desenvolvidos, responsáveis históricos pela crise do clima, queiram assumir compromissos sérios para combatê-la.

Em entrevista com Rádio Mundo Real, o ativista social e ex-embaixador da Bolívia na ONU, Pablo Solón, considerou “complicado e difícil” a retomada das tratativas oficiais sobre clima. “A questão central que deveria estar na mesa, que é o do nível de redução de emissões dos países desenvolvidos, não aparece”, disse.

Solón considerou que há questões “de forma” nas negociações que são importantes, como o acordo do segundo período de compromissos para o Protocolo de Kioto, que deveria começar a reger em 2013. Também considerou necessário que esse segundo período exclua os mecanismos de mercado presentes no Protocolo e que fazem com que as nações industrializadas invistam em projetos chamados “limpos” no Sul global a troca de ficarem isentos de suas responsabilidades de reduzir emissões. Solón considerou um risco a possibilidade de que “seja criado um mandato para um novo acordo marco legalmente vinculante, que recém entraria em vigor em 2020 e seria muito mais débil que a atual Convenção de Clima da ONU e o Protocolo de Kioto”.

Mas o ativista boliviano considera que esses não são os temas fundamentais. “Não está sendo colocado no centro a discussão sobre qual será o nível de redução de emissões dos países desenvolvidos”, reafirmou Pablo. Para ele, “o problema principal é que Estados Unidos tem dito que só vai reduzir 3 porcento de suas emissões em relação a 1990, e o Canadá tem dito que vai fazer o mesmo. O nível de reduções de emissões por parte dos países desenvolvidos é muito baixo, está na ordem de 13 a 17 porcento”. Afirma que “com esse nível de reduções a temperatura (média mundial) sobe para mais de quatro graus centígrados, há quem já diz que vamos estar num cenário de 6 graus centígrados durante o século presente”.

O ex-diplomático do governo boliviano destacou as pressões e condições das nações ricas para assumir cifras de cortes de emissões. A União Europeia, por exemplo, condiciona suas reduções a à obtenção de um acordo acabe com o Protocolo de Kioto em 2020 e à criação de novos mecanismos de mercado de carbono. “A pressão da maioria dos países desenvolvidos e emergentes é mais por salvar seus atuais mecanismos de mercado de carbono que por conter o aumento da temperatura que está atingido o clima em todo o mundo”, disse Pablo Solón.

O ativista social também se refiriu a algumas das posições da Aliança Bolivariana para os povos de Nossa América (ALBA, integrada por vários países latino-americanos com a liderança de Venezuela), que exige a continuidade do Protocolo de Kioto e não tem uma posição unânime em relação aos mercados de carbono. No entanto, Solón preferiu destacar que os movimentos sociais que participaram em abril de 2010 na Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra, que convocou cerca de 35.000 pessoas dos diversos continentes em Cochabamba (Bolívia), disseram NÃO aos atuais e novos mecanismos de mercado. Também rejeitaram a criação de “um mecanismo de mercado vinculado às florestas com o nome de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das Florestas), que traria uma nova era de desenvolvimento do capitalismo com a mercantilização da natureza”, acrescenta o ativista boliviano.

Sobre os desafios que enfrentam os movimentos sociais que lutam por justiça climática. Em sua resposta, o dirigente social lembrou os tempos do Apartheid na África do Sul e disse que atualmente existem “três Apartheids” no mundo, “o da discriminação, o econômico e o contrário à natureza”, e que a luta contra eles “é o cimento deste novo movimento que está surgindo”, referindo-se às manifestações que em nível internacional estão questionando o sistema financeiro imperante e o papel das corporações transnacionais. “A confluência dos diversos movimentos em nível mundial por trás de uma clara mensagem de acabar com estes diferentes Apartheids é fundamental”, considerou Solón.

Foto: http://www.flickr.com/photos/foei

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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