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6 de Setembro de 2012 | | | | | | | |

Apoio internacional

Missão de solidariedade com o Paraguai

Inúmeras organizações sociais paraguaias iniciaram nesta quarta-feira em Assunção, capital do país, uma “Missão Internacional de Solidariedade e Direitos Humanos”, que buscará conhecer de perto o que aconteceu no “massacre de Curuguaty” no dia 15 de junho, quando a repressão policial contra camponeses mobilizados acabou com a vida de 17 pessoas. Os participantes da missão se reunirão com familiares dos camponeses assassinados.

A missão de verificação de direitos humanos foi convocada pela Coordenadora Latino-americana de Organizações do Campo (CLOC) – A Via Campesina, FIAN Internacional, o Grupo de Direitos Humanos em Pesquisa e Sustenibilidade da Cátedra UNESCO da Universidade Politécnica de Cataluña e a Campanha Global pela Reforma Agrária. Os participantes da missão, que vai até o dia 12 de setembro, são integrantes dessas grupos, provenientes do Equador, Nicarágua, Espanha, Chile, Uruguai, entre outros países. Rádio Mundo Real estará presente e realizará uma cobertura especial.

Contexto

Conforme a CLOC, o objetivo desta missão é analisar a situação dos direitos humanos de comunidades camponesas do país e elaborar uma relatório, que será apresentado às Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União das Nações Sul-americanas (UNASUL).

No entanto, o centro da missão estará no departamento de Canindeyú, nas terras da comunidade Yvyrá Pytá e em frente a esse lugar, nas terras “Marina Cue”, como são chamadas pelos camponeses que exigem que lhes sejam concedidos esses campos que haviam ocupado. Essa área está irregularmente em mãos da empresa Campos Morombí, do ex-senador colorado e empresário Blas Riquelme, que faleceu no domingo. Foi ali, a cerca de 35 quilômetros da cidade de Curuguaty, que a polícia paraguaia assassinou 11 camponeses no operativo de 15 de junho, onde também morreram seis policiais.

Ali é onde estarão na quinta-feira os participantes da “Misão Internacional de Solidariedade e Direitos Humanos”. São 2000 hectares em disputa, pertencentes ao Estado conforme diversas organizações sociais paraguaias, e que eram defendidas como próprias por Riquelme. Existem mais de 50 famílias camponesas que pedem que lhes sejam concedidas essas terras para morar e trabalhar nelas. Após o desalojamento da ocupação do dia 15 de junho, apesar de que a Polícia só tinha ordem judicial de invasão, há cerca de 12 camponeses presos, três foram liberados e há ordem de captura para outros 46 que estão prófugos.

Uma missão em andamento

Nesta quarta-feira, várias organizações sociais paraguaias reuniram-se com os participantes da missão na sede da Coordenadora Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas (CONAMURI), para dar início oficial ao trabalho. Além das mulheres da CONAMURI houve integrantes de IBASE Pesquisas Sociais, de grupos da Vía Campesina Paraguai, de Sobrevivencia – Amigos da Terra Paraguai, do Serviço Paz e Justiça desse país, entre outros.
Houve várias apresentações de ativistas paraguaios, para dar aos integrantes da missão vindos do exterior a maior quantidade possível de informação de contexto nacional.

Vários grupos paraguaios têm iniciado uma nova campanha com três exigências concretas: indenização aos familiares das vítimas, a liberação dos presos e a entrega de 2000 hectares de Marina Cue às famílias que as estão exigindo.
A missão que começou nesta quarta-feira é a terceira desde a massacre do dia 15 de junho, que logo serviu de desculpa para fazer o julgamento político que acabou com o governo constitucional de Fernando Lugo e colocou em seu lugar o presidente de facto Federico Franco.

Um pouco mais de contexto

Segundo a CONAMURI, os camponeses que exigem as terras de Marina Cue afirmam que no dia da repressão foram atacados por cerca de 400 policiais, quando eles eram apenas algumas dezenas. Os trabalhadores rurais explicam ainda que receberam tiros desde helicópteros. Existe uma versão que indica, inclusive, que os próprios policiais em terra gritavam a seus companheiros que não atirassem porque estavam matando indiscriminadamente.

Outras versões, após os fatos e provenientes do governo de Lugo, indicaram que os camponeses não tinham nada a ver com a guerrilha esquerdista do Exército do Povo Paraguaio, como foi dito em algum momento. Essas declarações oficiais afirmaram ainda que houve infiltrados armados entre os camponeses e afirmaram que os trabalhadores rurais não usam armas.

Uma das questões mais destacadas pelas organizações sociais paraguaias reunidas nesta quarta-feira na sede da CONAMURI é o papel que têm tido a mídia nacional associada à direita. Desde o governo e dessa imprensa afirma-se nos últimos tempos os camponeses têm radicalizado suas lutas e que agora usam armas de fogo, e por isso, segundo eles, devem ser reprimidos com outra violência. Os movimentos e redes sociais paraguaios rejeitam estas versões e reivindicam as lutas pacíficas de comunidades camponesas e indígenas que pedem que lhes sejam concedidas terras.

A posse da terra aparece como um assunto fundamental, base das gigantescas diferenças sociais do país. Conforme dados da Via Campesina Paraguai, 2 porcento dos proprietários controla 85 porcento da terra.

Foto: http://www.dadychery.org

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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