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29 de Dezembro de 2010 | |

Biografia de lutas comuns

Entrevista com Marta Peñafiel e Marco Andino da FIAN Equador e a longa luta pelos direitos camponeses em Chimborazo

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A luta pelas mudanças sociais por um Equador que inclua serranos e costenhos, camponeses andinos, indígenas amazônicos e a grande variedade cultural do país sul-americano leva muito tempo e teve etapas de auge, estancamento e retrocessos.

Marta Peñafiel e Marco Andino, na província central de Chimborazo, uniram suas vidas a essas lutas e entre si várias décadas atrás. Desde os tempos de Leónidas Proaño (1910-1988), o “Bispo dos Índios” e sua influência na reivindicação do direito à terra prometida onde viver e produzir, até o atual Comitê de Granjas Agroecológicas que Marta e Marco integram nas províncias de Chimborazo Tunguragua e Bolívar, vem sendo resgatadas práticas de associação e rotação de cultivos locais, arranjos sociais de cooperação e capacitação em práticas ancestrais para produzir sem esgotar.

Da letra à terra

O Equador conta com uma Constituição que em muitos sentidos é um modelo em matéria de inclusão de direitos e reconhecimento de pluriculturalidade. No entanto, o texto constitucional dista muito de ser um escudo eficaz para as comunidades diante ameaças como as concessões mineradoras, a intermediação usurária, o florestamento madeireiro em páramos, a falta de respostas diante das crises climáticas, refletem Marta e Marco em entrevista com Rádio Mundo Real.

Os integrantes da organização Ecovida e da rede pelo direito à alimentação FIAN Equador, marcaram a diferença essencial entre a forma -da Constituição e as Leis- e sua substância que, para eles, continua beneficiando o agronegócio concentrado num punhado de empresas.

É o caso da lei de águas ou da soberania alimentar aprovadas sem o apoio das organizações indígenas camponesas: “o governo em seu início tem um forte apoio das organizações, mas depois pelo que é seu posicionamento na prática recebe a crítica permanente das organizações”, afirma Marco Andino.

Marta por sua vez indica que são as comunidades camponesas, em serras, páramos e vales as que verdadeiramente “dão de comer ao país” mas que no entanto as ações oficiais tendem a favorecer empresas bananeiras, de palma africana ou de agricultura de exportação.

Enquanto problemas como o acesso à terra, os investimentos em obras de irrigação ou o resgate de variedades de sementes crioulas que rompam a corrente de dependência dos fornecedores de insumos por exemplo, não possuem a atenção oficial, conforme os ativistas.

Aprender a ouvir

Os processos de acompanhamento e intervenção na província de Chimborazo, uma das províncias com grande população indígena na região andina equatoriana, representam para Marta Peñafiel e Marco Andino uma história recente da qual aprender para não repetir erros que significam duros retrocessos.

Desde grupos políticos que “se apropriavam” das comunidades para alinhá-las a seus fins e não vice-versa, até organizações não governamentais (ONG) que mediante práticas clientelísticas aprofundaram laços de dependência, Marco e Marta tiveram que se re educar na necessidade de ouvir as verdadeiras necessidades das comunidades, sem receitas prévias, reconhecendo a criatividade para solucionar os problemas de camponeses transformados em “engenheiros”, “professores” ou “arquitetos”.

A idéia de organização, indica Marta Peñafiel, foi re aprendida pelos próprios companheiros que objetivamente sofrem -através do encarecimento da terra, através da mudança climática, etc.- o avanço avassalador do capital sobre o campo e os bens naturais.

Marco lembra o papel do Bispo Proaños quanto a mudar o método de trabalho com as comunidades, mas também em seu experiência de abrir os horizontes da luta para a solidariedade internacional.
Esperanças e direitos

Para Marco Andino, as práticas concretas das comunidades camponesas hoje significam uma mensagem de esperança frente a crise estruturais que atingem o ambiente, o clima e o direito à alimentação.

Finalmente, Marta comenta como foi a sua própria evolução para entender as lutas pelas causas camponesas como parte da defesa de Direitos Humanos e sua vinculação com FIAN, organização que hoje preside no Equador. “Descobrimos que tudo aquilo pelo que vinhamos lutando há tantos anos era uma questão de direitos”, indica Marta Peñafiel.

Foto: Radio Mundo Real

(CC) 2010 Radio Monde Réel

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