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19 de Maio de 2011 | Notícias | Direitos humanos | Lutadores sociais em risco
As versões da imprensa mais divulgadas falam de um ataque de narcotraficantes que tinham contas pendentes com o dono da fazenda atacada, no departamento guatemalteco de Petén.
Atribuem o ataque -que deixou o trágico saldo de 27 peões rurais assassinados- a um grupo denominado Z200, que seria uma facção dos Zetas, grupo do México, na fronteira com a Guatemala.
Nesta segunda-feira, o presidente guatemalteco Alvaro Colom decretou estado de sitio para os próximos 30 dias. Isso significa que, dentro desse prazo, as autoridades militares podem deter pessoas sem uma ordem judicial prévia, e que o direito à reunião fica severamente restringido.
Mas além desta polêmica resposta governamental diante do massacre na fazenda Los Cocos, no município de Libertad, é significativa a leitura que fazem do triste episódio as organizações camponesas.
Para elas, o centro do problema é claramente outro e não se soluciona com um estado de sitio. A CLOC Via Campesina da Guatemala indica que a morte de camponeses inocentes reflete “mais uma vez” a incapacidade do Estado para garantir “os direitos individuais e coletivos da Constituição Política da República da Guatemala”, dentre eles, os empregos dignos.
Segundo eles, estes 27 camponeses assassinados, dentre eles duas mulheres, o único que fizeram “foi deixar a sua família, sua comunidade por um tempo para vender sua mão-de-obra e assim satisfazer as necessidades imediatas”.
Esta tese é avalada por el único sobrevivente à massacre, que foi entrevistado esta semana pelo jornal Prensa Libre. “Tinham nos contratado por um mês e iam nos pagar 50 quetzales (sete dólares) por dia, estávamos trabalhando no plantio de zacate (planta para o gado)", contou este jovem de 23 anos, que havia chegado una semana antes à fazenda onde depois viveria uma pesadelo.
A CLOC considera que estes fatos lamentáveis estão relacionados à “incapacidade” dos governos para satisfazer as necessidades de todas as famílias guatemaltecas, algo que se reflete “na desnutrição, pobreza, analfabetismo, fome, desalojamentos violentos, queima de cultivos de camponeses, perseguição e ameaças” que têm caracterizado às últimas administrações.
Foto: www.prensalibre.com
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