Conforme o comunicado do Grupo ETC, uma organização da sociedade civil que trabalha nesta área, a proposta de moratória “recebeu apoio quase unânime com declarações fortes de países na África, Ásia, Europa e América Latina”. No entanto, a recomendação irá à Conferência das Partes 10 (COP10) do Convênio entre parenteses, indicando que o consenso não é absoluto, já que o Canadá não acompanhou a maioria.

Conforme o comunicado, o texto aprovado estabelece que “nenhuma atividade de geoengenharia relacionada ao clima será realizada até que haja um base científica adequada para justificar tais atividades e consideração apropriada dos riscos associados para o ambiente e a biodiversidade e os impactos associados sociais, econômicos e culturais”.

A “geoengenharia” significa “qualquer esforço humano de grande escala para ajustar os sistemas planetários à mudança climática”, e inclui “propostas para bombear sulfatos na estratosfera, para bloquear a luz do sol, ou lançar sais nas nuves para aumentar a sua refletividade”. Também significa “transformar enormes áreas na terra ou no mar com o objetivo de sequestrar o excesso de gases de efeito de estufa”, conforme se explica no comunicado do Grupo ETC.

Além de estabelecer a proposta de moratória sobre todas as atividades de geoengenharia, o OSACTT também revisou e apoiou a atual moratória sobre uma das técnicas de geoengenharia: a fertilização oceânica, adotada pelo Convênio de Diversidade Biológica em Bonn, em 2008.

No entanto, e em vista de que os partidários da geoengenharia preparam ações para impedir que a moratória se reafirme em outubro deste ano, mais de cem organizações da sociedade civil -entre as que está no Grupo ETC- estão conduzindo a campanha Não Manipulem a Mãe Terra, como forma de exercer pressão para deter os experimentos de geoengenharia.

“Como se atrevem a exigir o direito de bloquear o sol, pintar as nuves, mudar a química do oceano?”, questiona a autora canadense Naomi Klein, que apóia a campanha das organizações. “Vejam quanto petróleo foi derramado no Golfo do México. Se há alguma lição deste desastre é que não podemos controlar os efeitos de nossa tecnologia, e nossa tecnologia não é capaz de remediar as perturbações da terra que nós mesmos provocamos”, expressou Naomi, considerando que é “tempo de que exista um pouco de humildade coletiva com as tremendas forças naturais, devemos abandonar já a nossa arrogância ecológica”.

Imagem: www.ecologiaverde.com