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14 de Setembro de 2011 | Notícias | Direitos humanos
Impunidade repetida
Rádio de movimento camponês é novamente atacada na Argentina
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Duas pessoas entraram no sábado nas instalações da rádio camponesa de frequência modulada Paj Sachama, perto da localidade argentina de Nueva Esperanza, na província de Santiago del Estero, agrediram integrantes e achegados da emissora e destruíram os estúdios.
A rádio pertence ao Movimento Camponês de Santiago del Estero (MOCASE), parte do Movimento Nacional Camponês Indígena (MNCI) e da Via Campesina. Há dois anos Paj Sachama, que funciona com painéis solares na comunidade indígena El Retiro (a 80 quilômetros de Nueva Esperanza), havia sido atacada com bombas molotov.
Nesta ocasião, conforme um comunicado de imprensa do MNCI, dois desconhecidos entraram na rádio e ameaçaram os locutores, apontando com armas de alto calibre. Logo, destruíram os estúdios, o equipamento e as instalações da rádio. “Atiraram tudo o que estavam nas estantes para o chão, deixando inutilizada a FM”, diz o comunicado. Logo, fugiram em uma camionete que estava esperando fora.
“Nós acreditamos que o autor ideológico tem sido o prefeito de Monte Quemado (Carlos Hazam)”, disse à Rádio Mundo Real o dirigente Ángel Strapazzón, do MOCASE-MNCI.
“Faz um mês e meio Hazam disse que em sua nova gestão de quatro anos uma de suas metas era destruir o MOCASE e sua presença no campo, porque era o que estava impedindo que venha o progresso, empresários e investimentos”, disse Strapazzón. “Portanto, por mais que Hazam diretamente não tenha enviado essa camionete com quatro matadores, claramente tem sido um motorizador e autor ideológico, dando via livre para que os empresários contratem matadores”, explicou. O dirigente também responsabiliza um juiz de Monte Quemado.
Paj Sachama têm seis horas de funcionamento diário que dedica a denunciar os atropelos de empresários e forças policiais contra os trabalhadores rurais. Trata-se de uma zona de Santiago del Estero com milhares de famílias camponesas, que estão resistindo fortemente contra o poder político e empresarial. A rádio transmite as vozes dessas famílias ameaçadas.
O MNCI termina seu comunicado exigindo que o governo provincial de “sinais claros” em resposta à “cadeia de fatos violentos que sistematicamente vêm ocorrendo” contra integrantes de comunidades do MOCASE-VC.
O ataque do sábado é uma “má e boa notícia” ao tempo, disse Strapazzón. “Significa que machucamos, incomodamos, questionamos, problematizamos, e que nos mantemos insurgentes a um sistema inumano.
Obviamente isso incomoda os interesses de poder e os poderosos”, explicou. A liderança, uma das mais reconhecidas do MOCASE-MNCI, reconhece que o movimento está preocupado por estes ataques reiterados, especialmente pelo que sofrem nesses momentos crianças e jovens, como aconteceu no atentado do sábado. Inclusive houve uma “forte auto-crítica” na interna do movimento, porque o ataque pegou-os desprevenidos.
Strapazzón sabe bem os motivos deste novo fato de violência contra o movimento camponês santiaguenho. “Estes são os custos. Este tipo de situações fazem parte das eleições políticas que fazemos”, disse. “Não há nenhuma dúvida de que o mundo e a civilização mercantil e capitalista se resistem a ir rumo a outras formas de vida, mais humanas, mais justas, mais dignas. Então, obviamente, fazem-nos sentir isto a nós, que não somos passivos nem espectadores, mas ativos protagonistas para que nasça algo novo”, concluiu Angel.
