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8 de Setembro de 2011 | Notícias | Anti-neoliberalismo | Justiça climática e energia
Manipulação perigosa
Exigem que o governo britânico detenha experimentação de geoengenharia
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O Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração (Grupo ETC), organização de caráter internacional, chama o governo do Reino Unido a que detenha um controvertido experimentação de geoengenharia na estratosfera para compensar a mudança climática. A entidade pede que sejam respeitados os processos de debate sobre geoengenharia nos marcos das Nações Unidas.
O Grupo ETC trabalha questões socioeconômicas e ecológicas globais, relacionadas às novas tecnologias, e especialmente sobre os impactos da técnica sobre povos indígenas, comunidades rurais e a biodiversidade. O grupo considera que a geoengenharia é uma “proposta de ’remendos’ tecnológicos em mega escala para manipular deliberadamente o clima global”, conforme um comunicado de imprensa enviado na segunda-feira.
Em linhas gerais, o Grupo ETC considera que os experimentos de geoengenharia são uma grave ameaça à biodiversidade. Argumenta em alguns documentos próprios que pela escala onde têm que ser realizados esses experimentos, ficam completamente por fora dos parâmetros usados nos testes científicos convencionais e do que está previsto pelas leis internacionais.
Segundo a organização, cientistas britânicos estão prestes a realizar testes sobre o equipamento necessário para disseminar partículas de sulfato na estratosfera, como preparação para realizar experimentações de geoengenharia.
Os dados disponíveis indicam que científicos da Universidade de Cambridge, em colaboração com a Universidade de Oxford e o Centro Hadley (em um projeto coordenado pela Universidade de Bristol), têm desenvolvido um conduto gigantesco, sustentado por um imenso globo e apontando ao céu. A mangueira seria utilizada para lançar partículas à estratosfera afim de bloquear a luz do sol.
Os cientistas preveem fazer a experimentação de outubro a novembro de 2011. Ela parte de um projeto financiado pelo Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências Físicas, com 1.6 milhões de libras esterlinas. O empreendimento denomina-se “Injeção Estratosférica de Partículas para a Engenharia do Clima” (SPICE, sigla em inglês).
O diretor executivo do Grupo ETC, Pat Mooney, disse que “ao permitir a realização deste experimentação, o Reino Unido mina os debates intergovernamentais sobre a geoengenharia, as quais o próprio governo britânico apoia financeiramente e nas quais também participa ativamente”.
Conforme o comunicado de imprensa da organização, Mooney manifestou que “esta provocação, altamente prejudicial, vai fazer mal às negociações nas Nações Unidas, arruinando as negociações multilaterais”. “O governo britânico deve deter este experimento agora e se pronunciar claramente no sentido de que não apoiará nenhuma experimentação de geoengenharia, enquanto continuarem as negociações internacionais”, afirmou o diretor do Grupo ETC.
O Grupo ETC apresenta vários argumentos contra a autorização da experimentação científica britânica. Destaca, entre outras coisas, que não tem havido transparência dos pesquisadores envolvidos no projeto, que têm se negado a revelar o lugar de realização, a data e os fundamentos e antecedentes científicos.
A organização internacional acrescenta que o Convênio sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas adotou uma moratória às atividades de geoengenharia em 2010, na cidade de Nagoya, Japão. “Este experimento contravém o espírito, se não a letra, dessa decisão”, indica.
