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22 de Dezembro de 2010 | Notícias | Anti-neoliberalismo | Bosques e biodiversidade
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Os documentos diplomáticos revelados pelo site de investigação Wikileaks indicam que o governo dos Estados Unidos teria trabalhado em conjunto com o da Espanha para promover o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM) na Europa, procurando vencer assim os posicionamentos contrários, liderados pela França.
Os documentos revelam também informação sobre como era manipulada a oposição aos transgênicos dentro da Espanha, e a ingerência dos Estados Unidos em assuntos de política interna espanhola para deter a oposição a estes cultivos e às empresas do agronegócio.
A União Europeia tem colocado barreiras ao cultivo de transgênicos e, de fato, somente é cultivado milho modificado geneticamente em seis países (Espanha, República Tcheca, Portugal, Romênia, Polônia e Eslováquia), enquanto outros seis têm aplicado a chamada "cláusula de salvaguarda", que lhes permite proibir estes cultivos por considerá-los "um risco para a saúde humana ou o meio ambiente". Estes países são Áustria, França, Alemanha, Grécia, Hungria e Luxemburgo.
A França indicou em sua exposição de motivos que o milho que fabrica a gigante do agronegócio de origem estadunidense Monsanto, MON810, gera "possíveis efeitos tóxicos adversos no longo prazo sobre as minhocas, os isópodes, os nematódeos e as borboletas monarca", algo que a empresa considerou um efeito das organizações ambientalistas sobre o governo francês, indicam os documentos vazados à imprensa.
Conforme estes documentos, para Monsanto a posição deve-se a um "acordo de facto entre o Governo da França e Greenpeace e Amigos da Terra, pelo que o Executivo francês apoiaria o movimento livre de transgênicos se os ativistas olhassem para outro lado nas iniciativas nucleares de Sarkozy".
Por sua vez, num relatório confidencial da embaixada estadunidense na França indica-se que o governo dos Estados Unidos considerou realizar represálias contra o governo francês e outros governos europeus por sua negativa a cultivar organismos geneticamente modificados.
Conforme o veículo estadunidense Democracy Now!, no documento vazado, o embaixador Craig Roberts afirmava: "Nesta questão, a Europa está retrocedendo, não avançando, e a França está desempenhando um papel principal, junto com a Áustria, Itália e inclusive a Comissão”.
"Vemos a proibição do cultivo como um primeiro passo, pelo menos pelos anti-OGM, que depois vão se movimentar para proibir as importações", dizia a relatório, conforme o jornal espanhol El País.
Diante da revelação destes documentos e particularmente diante do papel que teve o governo espanhol na promoção e defesa dos transgênicos, as organizações Amigos da Terra, Ecologistas em Ação, Greenpeace, COAG, Plataforma Rural e CECU estão exigindo à ministra espanhola Rosa Aguilar que a política sobre OGM “deixe de estar controlada pelas multinacionais” e exigem “uma moratória imediata a seu cultivo na Espanha”.
Por isso têm iniciado uma ciberação, que consiste em enviar uma carta à ministra através do site da Greenpeace.
Foto: http://www.tierra.org/
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