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17 de Dezembro de 2010 | Notícias | Água | Direitos humanos
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No calor do Vale do Jordão, onde a terra se torna pó sob os pés das pessoas e animais ao caminhar, controlar a água se traduz em controlar a vida.
Ela faz com que para alguns a aridez seja verde, porque flui regando extensos cultivos; mas para outros a realidade é outra, porque embora possuam as tubulações debaixo de suas casas, seu conteúdo nunca chega a tocá-los. Como explicou em entrevista com Rádio Mundo Real, o coordenador da Campanha de Solidariedade com o Vale do Jordão, Fathi Khaddirat, está claro quem são uns e outros nessa região ocupada por Israel.
“A água é o principal recurso para a vida e a autoridade de ocupação israelense sabe disso, pelo que controla cada gota de água no Vale do Jordão para controlar a população palestina”, afirmou Fathi.
Enquanto falava, era possível ver uma planta de extração tomando o recurso que antes fluia por um sistema de canais de distribuição, onde nos últimos anos só havia rochas e pó. Essa água agora é destinada aos assentamentos dos colonos israelenses, enquanto que os palestinos devem pagar um alto preço por ela, e implementar um complexo sistema para conseguir manualmente água mediante tanques, tendo inclusive que percorrer vários quilômetros para se abastecerem.
Às vezes diante deles, apenas a alguns metros de distância -do outro lado da estrada que separava suas casas dos plantios dos colonos-, há uma torneira: mas apenas dava para vê-lo, porque estava cercado por uma jaula e um grosso arame farpado, como um lembrete severo de que a água já não lhes pertencia.
Mas apesar disso, diante das enormes dificuldades que atravessam os palestinos para viver e para colher na terra, têm decidido permanecer nela e “não voltar a ser refugiados”.
“Creio que é um tipo de resistência contra a ocupação, porque se formos embora, perderemos a terra, perderemos a água, e não queremos perder a terra”, afirmou Khaddirat. E acrescentou: “Não aceitaremos voltar a ser refugiados. Temos a luta contra a ocupação mais longa que tem havido: estamos lutando contra a ocupação, lutando pelo futuro de nossos filhos. Portanto não vou ser um refugiado, e não vou permitir que ninguém controle o futuro de meus filhos”.
“Eu quero estar aqui, mesmo que tenha que comprar cada centímetro cúbico de água a dez dólares: gastarei toda minha renda em comprar água porque quero viver com dignidade em minha terra”, concluiu Fathi.
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