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2 de Julho de 2009 | | |

Palavras vazias

Golpistas dizem respeitar a democracia, enquanto reprimem os cidadãos hondurenhos

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“Traição à pátria” e “usurpação de autoridade” são dois termos que não surpreendem ao pensar no que está acontecendo nestes dias em Honduras; o que surpreende é que a imprensa que funciona nesse país utilize estas palavras para referir-se ao presidente Manuel Zelaya, e não ao falar do regime golpista que desde domingo tenta tomar o governo à força.

Embora este fato deixa de surpreender quando se considera que, atualmente em Honduras, não há mídia -seja rádio, televisão o imprensa escrita- que não estejam intervidos pelo governo; os que permanecem no ar emitem notícias com a opinião dada pelos golpistas, e os outros, os que tinham uma posição crítica, foram censurados pelos militares no mesmo momento em que era sequestrado e deportado o presidente Zelaya. Pela madrugada, para que o silêncio da noite atenuasse o que acontecia, para que pela manhã não houvesse quem pudesse desmentir o simulacro de democracia conduzido pelo Congresso do país, que tentou dar um verniz de legalidade ao golpe ao designar Roberto Micheletti como presidente interino.

Precisamente “traição à pátria” e “usurpação de autoridade”são as acusações que o fiscal geral hondurenho, Luis Alberto Rubí, faz ao presidente Zelaya; com base nestas acusações , Rubí dice que será preso o mandatário caso tente voltar ao país, em cujo caso poderia enfrentar até 20 anos de prisão por seus supostos delitos.

As autoridades do regime de facto continuem, como num início, falando sobre respeito às leis, para justificar o golpe de Estado que quebrou a democracia latino-americana no século XXI.

Mas apesar das tentativas por silenciar o que acontece, nem dentro nem fora de Honduras tem se implantado a idéia de que um mandatário pode dirigir um país se não conta com o apoio das urnas. Milhares de pessoas manifestam-se nas ruas da capital hondurenha, Tegucigalpa, desde que os militares invadiram a Casa Presidencial, exigindo o reestabelecimento do regime democrático.

No exterior do país, a condena ao golpe foi unânime. Às medidas tomadas pelos países centro-americanos -que na segunda-feira interromperam o comércio terrestre por 48 horas com Honduras- e a ruptura de relações diplomáticas tomada pelos países da Alternativa Bolivariana para América Latina e Caribe (ALBA), soma-se agora o ultimato de 72 horas dos países da Organização dos Estados Americanos (OEA), que exigem que Zelaya seja restituído a seu cargo.

Por sua vez, os Estados Unidos decidiram suspender suas atividades militares conjuntas com Honduras, e o presidente boliviano, Evo Morales, propôs à OEA criar um tribunal penal interamericano para julgar os golpistas.

Vários países latino-americanos chamaram a consultas a seus embaixadores em Honduras, medida que também tomaram alguns países europeus, como França e Espanha. O governo deste último país anunciou que vai propor aos países da União Européia que retirem seus embaixadores de Honduras, até que seja reestabelecido o governo eleito pela cidadania.

Além disso, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) propõe-se enviar uma missão a Honduras, para estudar as denúncias sobre detenções arbitrárias, agressões e ameaças, efetuadas aos que se manifestam pacíficamente pelo retorno à democracia.

Por sua vez, o presidente Zelaya -que havia afirmado que voltaria na quinta-feira a seu país- anunciou que esperará até que se cumpra o prazo estabelecido pela OEA para voltar. Na rua, esperam-no milhares de pessoas, que continuam resistindo pacíficamente diante das armas dos soldados.

Golpe de Estado e repressão em Honduras
(CC) 2009 Radio Monde Réel

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