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13 de Janeiro de 2011 | |

Ponto zero

Haiti longe de sua reconstrução: denúncias de descumprimentos da cooperação internacional

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Há exatamente um ano do terremoto de 7 graus na escala Richter abalou a capital haitiana, Porto Príncipe, e acabou com a vida de mais de 220.000 pessoas, e deixou mais 300.000 feridas, as Nações Unidas e várias organizações alertam que a comunidade internacional não tem cumprido suas promessas de ajuda, e que a reconstrução do Haiti nem sequer tem começado.

Mais de 800.000 pessoas ainda vivem em acampamentos armados depois do terremoto, que deixou 2,3 milhões sem casa, no país mais pobre da América Latina, ocupado pelas forças de estabilização da ONU e afetado nos últimos meses por uma epidemia de cólera que matou milhares de pessoas.

Nesta quarta-feira foram realizados no Haiti vários atos para lembrar as vítimas do terremoto, especialmente em Porto Príncipe. Ali houve missas e orações evangélicas e católicas em várias zonas. O presidente haitiano, René Preval, visitou na terça-feira o lugar onde estão as fossas comuns de Saint Christophe, na localidade de Titanyen, nos arredores de Porto Príncipe. “Em nome do Governo, as instituições públicas e do Parlamento, renovo meus pêsames às famílias de todas as vítimas do terremoto”, disse Preval.

Num país que ainda encontra e conta mortos após a catástrofe, a ajuda internacional não tem cumprido suas promessas. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) pediu à comunidade internacional mais envolvimento com a situação do Haiti que “continua sendo catastrófica”, e insistiu em que o país caribenho “precisa ajuda, e não esmola”.

Num comunicado de imprensa divulgado pela agência EFE, a diretora geral da UNESCO, Irina Bokova, reclamou que apenas tem recebido uma pequena parte dos fundos prometidos. “Os doadores têm a obrigação moral de estar à altura de suas promessas”, afirmou Bokova. Ela considera que “a reconstrução apenas tem começado”.

A enviada especial da UNESCO para Haiti, Michaëlle Jean, insistiu em que “o que os haitianos precisam para superar este desastre é investimento no longo prazo em suas instituições sociais, e particularmente em educação e cultura, os eixos fundamentais para construir seu futuro”.

No mesmo sentido o diretor geral da ONG internacional Médicos sem Fronteiras (MSF), Aitor Zabalgogeazkoaha. Essa organização enviou 7.900 pessoas para a zona destruída, tem atendido 358.000 pessoas, feito 16.500 cirurgias e tem dado assistência em mais de 15.000 partos. “A reconstrução nem sequer tem começado. A comunidade internacional tem que cumprir os compromissos que adquiriu com o povo haitiano”, disse Zabalgogeazkoaha, conforme o jornal espanhol El Mundo.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, alertou sobre a falta de um plano de reconstrução do Haiti e disse que o acesso às necessidades básicas (água, saneamento, educação e atenção médica) dos atingidos pelo terremoto “continua estando muito abaixo dos níveis aceitáveis”.

Apenas três semanas depois da catástrofe do dia 12 de janeiro de 2010, o ativista Camille Chalmers, da Plataforma Haitiana de Incidência para um Desenvolvimento Alternativo, denunciou à Rádio Mundo Real a ocupação militar do Haiti por parte dos Estados Unidos e as imposições do modelo neoliberal com “disfarces humanitários”. Também lamentou o papel da missão de capacetes azuis da ONU, a MINUSTAH, que definiu como “paralisada” até vários dias depois do desastre.

O exército estadunidense impediu inclusive a aterrissagem de voos com ajuda humanitária no aeroporto de Porto Príncipe durante os dois dias que levou tomar o controle desse centro para receber a Secretária de Estado de seu país, Hillary Clinton.

Por sua vez, nesse então o Fundo Monetário Internacional, longe de anular a dívida externa contraída por Haiti durante a ditadura de Jean-Claude Duvalier (1971–1986), aprovou rapidamente um novo empréstimo de mais de 100 milhões de dólares a condição de medidas de ajuste do Estado caribenho.

Foto: http://www.flickr.com/photos/gurabolive/

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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