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8 de Fevereiro de 2011 | | | |

Por rios vivos

Movimentos sociais brasileiros entregam demandas ao governo nacional em matéria de energia

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Indígenas, habitantes de zonas amazônicas ribeirinhas , atingidos por barragens e ambientalistas brasileiros mobilizaram-se nesta terça-feira diante da sede do governo nacional, em Brasília, para rejeitar os projetos hidrelétricos nos rios da Amazônia, especialmente o de Belo Monte, no estado do Pará.

Uma delegação dos manifestantes reuniu-se com um representante do governo e entregou-lhe suas demandas. O objetivo era que fosse criada uma comissão negociadora composta pelo governo e os movimentos sociais amazônicos para debater sobre os projetos já em andamento e planificados para a zona.

Convocados pela Aliança dos Rios da Amazônia, que reúne comunidades atingidas por projetos hidrelétricos na região, vários movimentos sociais reuniram-se na segunda-feira em Brasília e participaram de uma conferência sobre “a barragem de Belo Monte e a questão indígena”. Nesta terça-feira fizeram um protesto primeiro diante do Congresso Nacional e logo diante do Palácio do Planalto.

Rádio Mundo Real entrevistou Rodrigo Nunes, integrante do Núcleo Amigos da Terra Brasil, enquanto participava da mobilização. Dentre os movimentos que participavam do protesto estavam o Movimento Xingú Vivo para Sempre, que rejeita a instalação da barragem de Belo Monte no rio Xingú, o Conselho Indigenista Missionário e o Movimento de Atingidos por Barragens do Brasil.

No dia 26 de janeiro, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), concedeu uma “licença parcial” para a construção de Belo Monte. Por isso o repúdio a essa central foi o ponto central da mobilização desta terça-feira.

Belo Monte está planificada para começar a funcionar em 2015 no coração da Amazônia. Seria a terceira maior barragem do mundo, depois da chinesa de Três Gargantas e da binacional Itaipú na fronteira entre Brasil e Paraguai. Belo Monte teria uma capacidade instalada de 11.000 megawatts.

A construção da central inundaria cerca 500 quilômetros quadrados de terras que atualmente ocupam comunidades indígenas. Por isso seriam expulsas de 20.000 a 50.000 pessoas. A barragem estará a cargo do consórcio Norte Energia e terá a Eletronorte como sócia estratégica, subsidiária da Eletrobras.

No diálogo com Rádio Mundo Real, Rodrigo Nunes destacou três demandas dos movimentos que participaram hoje da mobilização em Brasília. 
“Um dos grandes problemas do processo da hidrelétrica de Belo Monte é que o governo desrespeitou a legislação ambiental brasileira”, disse Nunes. Afirmou ainda: “Desde o início o projeto começou a ser discutido sem que estivesse pronto um estudo de impacto ambiental. Começaram a se fazer consultas a comunidades (…) sem que ela tivesse acesso a esse estudo”.

O integrante do Núcleo Amigos da Terra Brasil explicou que as comunidades amazônicas exigem que seja reconsiderado o modelo de desenvolvimento do país e do modelo energético. Rodrigo Nunes destacou que o modelo atual não leva em conta as posições das comunidades atingidas. O ativista afirma: “Um dos argumentos que o governo usa é: a energia hidrelétrica é muito barata e limpa. Se você for considerar todo o impacto humano da construção de Belo Monte, você vai ver que na verdade não tem nada de limpo, sem falar do próprio impacto ambiental com a produção do metano”.

Para Nunes, o modelo energético brasileiro é, ainda, concentrador de lucros. “Os grandes beneficiados por Belo Monte vão ser as empresas construtoras, que vão ganhar uma fortuna de dinheiro público, porque o maior investimento é o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que é um banco público. Também será beneficiado o consórcio que fará a exploração da energia”. Conforme os manifestantes, os projetos hidrelétricos na Amazônia só buscam dar energia a mega-projetos da zona, por exemplo mineradores.

A terceira demanda mais importante dos movimentos sociais brasileiros é de que o governo nacional considere outras fontes de geração de energia, principalmente a solar e a eólica.

Foto: Eduardo Seidl (Núcleo Amigos da Terra Brasil)

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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