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26 de Janeiro de 2011 | | |

Reincidente

Shell no banco dos réus, como de costume

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O parlamento holandês realizará uma sessão especial nesta quarta-feira na Haya para analisar a atuação da petroleira anglo-holandesa Shell na zona do Delta do Níger, Nigéria, onde é acusada de causar graves impactos ambientais e sociais.

Na terça-feira empresa havia sofrido outro percalço. Organizações ambientalistas e de direitos humanos apresentaram queixa na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em repúdio às alegações da empresa de que os derrames de petróleo no Delta do Níger são provocados pelas comunidades locais.

A Shell tem enfrentado ainda recentemente um julgamento da organização ambientalista Amigos da Terra Holanda e quatro agricultores e pescadores nigerianos pela grande contaminação ambiental provocada por suas fugas petroleiras em vários povoados do Delta do Níger. Têm sido as instâncias legais contra a Shell empreendidas pela organização ambientalista e Amigos da Terra Nigéria nos últimos anos.

As fugas petroleiras da Shell no Delta do Níger, calculadas em vários centenas por ano, somadas à queima de gás que realiza, são dos casos mais emblemáticos de grave contaminação ambiental em nível mundial. A queima de gás foi proibida pela lei nigeriana em 1984.

Amigos da Terra Holanda considera que a quantidade de petróleo derramada pela Shell na Nigéria durante os últimos 50 anos quase quintuplica o vertido pela britânica British Petroleum no Golfo de México com o desastre do ano passado.

Na audiência pública desta quarta-feira na Haya, o parlamento holandês interrogará representantes da Shell sobre suas fugas de petróleo e a queima de gás na Nigéria. Também participarão da sessão especialistas sobre o tema e o ambientalista Geert Ritsema, em representação da Amigos da Terra Holanda.

“A pressão sobre Shell para que limpe o desastre que provoca na Nigéria aumenta cada dia. No ano passado, a empresa foi eliminada do Índice Dow Jones de Sustentabilidade devido à contaminação no Delta do Níger, e recentemente Wikileaks demonstrou que a Shell utiliza a influência política na Nigéria para manipular a situação no país”, disse Ritsema.

Segundo um comunicado de imprensa da Amigos da Terra Internacional, o ambientalista acrescentou: “pedimos aos políticos holandeses que indiquem a responsabilidade da Shell diante dos problemas que provoca a empresa na Nigéria”.

Enquanto isso, na terça-feira Amigos da Terra Holanda, Amigos da Terra Internacional e Anistia Internacional apresentaram queixa na OCDE onde criticam a falta de transparência, inconsistência e mentira nas cifras apresentadas pela Shell sobre as causas dos derrames de petróleo na Nigéria.

A Shell sempre culpa as comunidades locais, acusando-as de realizar sabotagens contra seus oleodutos. Segundo as organizações, a Shell utiliza cifras ao azar e não há verificação independente.

O presidente da Amigos da Terra Internacional, o nigeriano Nnimmo Bassey, diretor da Amigos da Terra Nigéria, foi muito claro sobre o ponto: “Monitoramos derrames de forma regular e nossas observações frequentemente contradizem a informação apresentada pela Shell. Vários estudos têm culpado principalmente as empresas petroleiras pelos derrames de petróleo no Delta do Níger, principalmente a Shell”.

O dirigente ambientalista acrescentou que empresa deveria assumir sua responsabilidade e limpar o desastre que provocou na Nigéria, bem como deter a queima de gás. “Essa é uma ação da qual não podem culpar as comunidades”, concluiu.

A meados de 2009, Shell aceitou pagar, num acordo extrajudicial, uma indenização de 15,5 milhões de dólares a familiares de vários ativistas assassinados pela ditadura nigeriana em 1995. Os demandantes haviam acusado a empresa de ser cúmplice desses crimes diante da Corte Federal do Distrito em Nova Iorque, Estados Unidos.

Dentre os ativistas assassinados pelo regime ditatorial em 1995 estava o reconhecido poeta Ken Saro-Wiwa, fundador do Movimento para a Sobrevivência do Povo Ogoni, que nasceu em 1990 para protestar contra a contaminação gerada pelas petroleiras nos territórios dessa etnia.

Foto: http://www.flickr.com/photos/mobileunderground/

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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