É o maior projeto minerador da província, e em breve limitará com o projeto Pascua Lama, o maior empreendimento minerador binacional da América Latina. Em sintese, Jachal é um dos exemplos más cruéis dos efeitos da mega mineração nos territórios.

Rádio Mundo Real conversou com Maria José Salazar, integrante do grupo “Mães Jachaleras auto-convocadas em defensa da vida de nossos filhos”, e falou sobre as consequências do modelo extrativista nos territórios.

Esta organização nasceu em 2002, quando a mineradora se apresenta na comunidade, para consultar opiniões sobre o cuidado do ambiente, apesar de que a empresa já estava instalada, sem audiência pública, no departamento de Iglesias, também em San Juan, desde 1996.

“A promessa do progresso era o sonho de todos, porque não havíamos visto com nossos próprios olhos o impacto da mineradora”, afirma María José. No entanto, hoje estão pior do que antes: em Jachal ficam isolados quando chove, o hospital tem falta de materiais, as escolas estão abandonadas e os problemas de moradia continuam.

A mineradora prejudicou a atividade agrícola, baseada na produção de cebola, que hoje ninguém quer comprar por sua má qualidade.
O único rio com o que contava a população era o Jachal, que está numa zona semiárida cujo volume depende do degelo. Esse delicado equilíbrio ecológico finalmente foi destruído pela mineradora.

Primeiro contaminaram a água, depois começou faltar e logo foram contaminados os lençóis freáticos. A crise hídrica hoje é constante. Não se pode tomar água da torneira, os médicos não recomendam, principalmente porque o rio possui níveis elevados de cianeto, chumbo e arsênico. Além disso, Maria José denuncia que os casos de câncer têm aumentado, no entanto, não existem dados oficiais.

“Nas rádios não se ouve outra propaganda que não seja da mineradora”, diz a ativista, que também fala das dificuldades dos que se mobilizam: “quando nós vamos de casa em casa fazendo abaixo-assinados, a mineradora vai atrás de nós com os televisores, os DVD e o CD para mostrar as bondades da mineração, levam assistentes sociais, contratam psicólogos, visitam as pessoas em suas casas...para convencê-los de que está tudo bem (...) é um investimento impressionante... nós iamos em bicicleta e eles em carrões, as pessoas riam disso”.