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1 de Dezembro de 2010 | | |

Um passo à frente

Bolívia nas negociações de mudança climática da ONU

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O governo da Bolívia advertiu na conferência da Mudança Climática em Cancun que não está disposto a se “vender” nem se “ajoelhar” às pressões dos Estados Unidos para que aceite um acordo que ignora as obrigações dos países industrializados com o mundo. O embaixador boliviano na ONU, Pablo Solón, considerou que essas pressões são “uma vil chantagem”.

A delegação boliviana realizou na terça-feira uma rodada de imprensa nos marco das negociações oficiais da COP 16 de Mudança Climática em Cancun.
Após a rodada, Solón conversou com diversas mídias e com Rádio Mundo Real.

Os Estados Unidos tem advertido que suspenderão os fundos de ajuda econômica aos países que não assinem o “Entendimento de Copenhague”, acordo realizado por um grupo de países de forma anti-democrática na COP 15 dessa cidade dinamarquesa. A Bolívia está entre os países que não assinaram o Entendimento. “Os Estados Unidos já nos tiraram três milhões de dólares”, disse Solón, e considerou que o país norte-americano “visa encurralar”, com uma “atitude imperial e soberbia”. “Pode fazê-lo 100 vezes, mas a Bolívia e os países da Aliança Bolivariana para os povos de Nossa América (ALBA) vamos manter nossa posição firme com os povos”.

Conforme Solón, o grupo de países da ALBA “é e tem sido em Copenhague o mais grande defensor do princípio da democracia, porque nós não aceitamos que um grupo de países imponha todos os outros documentos que se escrevem em quartos fechados onde não participam todos os estados”. “A ALBA está aqui para garantir que seja respeitada a democracia, o multilateralismo na interna deste processo de negociações”, sentenciou.

O governo da Bolívia chegou a esta COP de Cancun com o objetivo de fazer com que os países desenvolvidos reduzam suas emissões em 50 porcento de 2013 a 2017 (segundo período do Protocolo de Kioto), em comparação com os valores de 1990, para fazer com que o aumento da temperatura global média seja estabilizada em um grau celsius. A Bolívia exige ainda que essas reduções sejam realizadas de forma doméstica, sem nenhum mecanismo de mercado ou de flexibilidade que lhes permite aos países ricos transferir sua responsabilidade para os Estados em vias de desenvolvimento.

Dentro das prioridades da Bolívia para estas negociações também está sua proposta de discutir uma declaração universal de direitos da Mãe Terra e de que seja instalado um tribunal internacional de justiça climática, que julgue os países mais contaminantes.

Nos corredores da COP corre o rumor de que a presidência mexicana da conferência, não convidou vários presidentes de países progressistas para evitar as vozes críticas do processo de negociações. Entre esses presidentes não convidados estaria o boliviano Evo Morales. Solon confirmou que Morales chega a Cancún, no dia 9 de dezembro e disse ainda que “cada país decide em qual nível participa de uma conferência; nós temos decidido participar no nível mais alto, com nosso presidente”.

Solón disse à imprensa que “a situação da Bolívia não é fácil nesta negociação”, porque só pode “ganhar aliados com razões e argumentos”. “Nós não oferecemos ajuda, não temos dinheiro, não podemos exercer nenhuma pressão e nunca o faríamos para conseguir o apoio de nenhum país”, acrescentou.

O embaixador da Bolívia na ONU manifestou sua preocupação pela possibilidade de que as negociações não transcorram sobre as vias democráticas estipuladas nos marcos da ONU, como aconteceu no ano passado em Copenhague. “Nos preocupa muitíssimo que novamente voltem a surgir textos escritos por algum facilitador, presidente, sem ter sido produto de um processo de negociação, e que logo se pretenda impor estes textos a todos os países”. “Advertimos que se não forem respeitadas as regras do jogo podemos ir para um Copenhague Accord parte 2, ou seja, a tentativa de uma minoria de países de impor um documento a todos os demais”, explicou.

Solón referiu-se também à necessidade do financiamento climático. Indicou que “obviamente que queremos um mecanismo de financiamento, mas não queremos condicionamentos”. “Nós não queremos um Banco Mundial ou um Fundo Monetário Internacional que nos diga ’se aceitar este plano de ajuste estrutural te emprestamos este dinheiro’”, afirmou.

O representante do governo da Bolívia nestas negociações foi consultado pelo mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das Florestas (REDD). Disse que “tem que haver um mecanismo para preservar as florestas”, mas rejeitou que REDD de um valor econômico à florestas pela quantidade de dióxido de carbono que capturem. “Isso nos parece uma loucura que não vai levar a nada, em todo caso criará um mercado com o qual alguns vão se tornar muito ricos”.

Solón falou ainda da importância do “Acordo dos Povos” surgido da cúpula de mudança climática de abril em Cochabamba, Bolívia, onde estiveram 35.000 delegados de movimentos e organizações sociais de 140 países. Destacou desse acordo a exigência de cortes de emissões para os estados industrializados de 50 porcento para 2020, em relação a 1990, o impulso ao referendo mundial da mudança climática e à instalação do tribunal internacional de justiça climática.

O governo de Evo Morales adverte além disso que se não for atingido um acordo satisfatório em Cancun, utilizará os mecanismos legais estipulados na Convenção de Clima das Nações Unidas e no Protocolo de Kioto para pressionar os países ricos, principais responsáveis da crise climática.

Foto: Rádio Mundo Real

Mais fotos da COP 16: http://www.flickr.com/photos/foei/

(CC) 2010 Radio Monde Réel

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