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26 de Fevereiro de 2013 | | | |

O extrativismo e seus limites

Entrevista com Pablo Sánchez (Grufides): a aposta mineradora para o governo de Ollanta Humala e o caminho para uma consulta popular sobre o projeto Conga

A aposta indiscriminada na extração de matérias primas, principalmente minerais, e seus efeitos sobre as comunidades é o tema central da conflitividade social e ambientam no Peru que governa Ollanta Humala, afirma em entrevista com Rádio Mundo Real o diretor da organização ambientalista de Cajamarca, Grufides.

O projeto Conga, em Cajamarca, tem colocado em debate público nacional e internacional a importância da água para a vida e a continuidade das comunidades e sua relação com a mineração, diz Pablo Sánchez*.

O projeto Conga, liderado pela empresa mineradora Yanacocha, foi de fato o centro da mobilização social no ano passado no Peru. As comunidades e organizações acompanhantes se enfrentam em 2013 com o desafio de levar adiante uma consulta que detenha o avanço do projeto que, por sua escala, agravaria as já visíveis consequências da mineração, ativa há duas décadas na região.

Pablo Sánchez indica que todas as comunidades vinculadas às bacias de Cajamarca seriam atingidas; o estudo de impacto ambiental elaborado por Yanacocha que serve de fundamento ao governo de Lima para aprovar o projeto apenas leva em conta 3 porcento da população. “O estudo é muito superficial, minimiza os impactos”, diz o ambientalista peruano.

Dentre os elementos fundamentais do projeto, está a construção de uma grande bacia de decantação–por seu tamanho seria a maior das existentes na América Latina-, que utilizará substâncias altamente tóxicas e metais pesados, na nascente de “pelo menos três bacias”.

Sánchez indica que as populações percebem o estado e até a policia e o exército como aliados explícitos das empresas mineradoras. Denuncias a organismos nacionais e internacionais de direitos humanos, campanhas de sensibilização e conscientização das populações têm feito, conforme Grufides, que atualmente uma ampla maioria de moradores–campesinos, indígenas, “ronderos” e também habitantes urbanos (Cajamarca conta com uma população de aproximadamente 160 mil pessoas)- se oponha à instalação do projeto.

A intenção das organizações é manifestar esse repúdio através de um mecanismo de democracia direta: uma consulta. No entanto, a legislação peruana estipula que este tipo de consultas podem ser realizadas limitando-se a povos originários e argumenta-se que na região teoricamente atingida pelo projeto Yanacocha não existem assentamentos indígenas.

Pablo Sánchez por sua vez responde que é um direito cidadão que não tem a ver com “a origem ou a natureza da comunidade em que se realiza mas com o consentimento das comunidades ao saber sobre o efeito do projeto em suas vidas”.

Exemplos vários

Embora as consultas comunitárias que foram realizadas em vários países servem de exemplo para os que organizam esta no Peru, a escala e o alcance dela representa um desafio para os atingidos e organizações acompanhantes.

No entanto, é visto como desafio, já que além do projeto em si, poderá se produzir um debate sobre o modelo de desenvolvimento proposto para as comunidades, diz Pablo Sánchez em outro trecho da entrevista com Rádio Mundo Real.

As pesquisas são um indício: no ano passado uma enquete refletiu que 70 porcento da população de Cajamarca se opunha à consolidação do projeto. “De que melhor forma pode se expressar a vontade popular sobre seus territórios, sobre seu futuro, que em um mecanismo de democracia direta, de uma consulta?”, pergunta Pablo.

Em Yanacocha não tardaram em indicar a consulta como ilegítima e prejudicial para os interesses empresários: "Uma consulta popular seria um péssimo precedente não só para Conga, mas para toda a indústria no Peru", disse o gerente do consórcio de capitais estadunidenses Javier Velarde, em declarações tomadas pelo site de notícias peruano RPP.

Finalmente, o ambientalista peruano envia uma mensagem de solidariedade para os movimentos similares que existem na América Latina em defesa da vida e contra as indústrias extrativas como a mineração transnacional. “Esta é uma luta de alegria, embora haja muita tristeza no caminho. É uma luta pela vida”, afirmou Pablo.

Nas fotos em anexo pode se observar um dos “buracos” do projeto de Yanacocha e seu impacto nas regiões de paramos e mananciais ali presentes. A empresa tem tentado diminuir o efeito de esvaziamento de mananciais bombeando águas de suas bacias de decantação para zonas mais altas. No entanto esse processo implica o uso de energia em grandes quantidades e não garante a qualidade das águas.

“Quem pagará pelo bombeio e tratamento quando a empresa já não estiver operando?Por outro lado nenhuma autoridade do governo fiscaliza de forma efetiva este procedimento. Assim, a gestão da água fica inteiramente em mãos da empresa” Afirma Grufides em seu site.

Galeria de fotos: http://www.grufides.org

* Entrevista realizada durante uma recente visita ao Peru da integrante de COECOCEIBA-Amigos de la Tierra Costa Rica, Grace García.

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