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13 de Janeiro de 2011 | | |

"Rebelião, insurgência!”

“Diaristas para as multinacionais: o destino que nos espera se não seguirmos a luta a morte”, Entrevista com Ángel Strappazón dirigente do MOCASE

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Uma nova inspeção da justiça argentina na província de Buenos Aires, desta vez na cidade de Arrecifes, encontrou 101 trabalhadores rurais em regime de escravidão em mãos de uma empresa de grãos, a argentina Satus Ager. Já são cerca de 500 os trabalhadores encontrados em condições similares nos últimos 15 dias, sempre em mãos de empresas dedicadas aos agronegócios e em campos de Buenos Aires.

Em todos os casos os trabalhadores resgatados são da província de Santiago del Estero. “Rapazes, se organizem, se rebelem contra a exploração. Deixem de ser cordeiros domesticados. Rebelião, insurgência!”, manifestou a eles Ángel Strappazón, do Movimento Camponês de Santiago del Estero (MOCASE) em entrevista com Rádio Mundo Real.

O dirigente iniciou o diálogo dizendo que “as pessoas exploradas nas terras encontradas não são camponeses”.

“Quero esclarecer que camponeses e camponesas somos autônomos e independentes, não temos patrões, não temos chefes, não trabalhamos assalariadamente. Diretamente possuimos os meios de produção de forma comunitária ou familiar, e trabalhamos na terra”, disse Strappazón. Explicou que estão em situações diferentes os “assalariados rurais”, e os “trabalhadores escravos andorinhas”, como os resgatados recentemente.

Para o dirigente do MOCASE, o camponês vive do trabalho de sua terra, onde produz para alimentar sua família e a comunidade. “Nós não produzimos, nem trabalhamos para empresas transgênicas, com agrotóxicos”, disse. O dirigente resgatou as raízes indígenas e ecológicas do trabalho camponês.

Strapazzón indicou que o MOCASE tem apresentado projetos para que lhes sejam entregues terras ociosas aos trabalhadores rurais, para que passem a ser camponeses produtores. “Transformar-se num camponês quer dizer, antes de mais nada, romper a relação com um chefe ou patrão, com um latifundista, com um empresário agrário. Quando falamos de camponês falamos de um tipo social libertário”, afirmou o dirigente.

O integrante do MOCASE contou que os casos de trabalho escravo de operários rurais santiaguenhos são muito frequentes, parte de uma realidade provincial de indigência e pobreza extrema. “Por isso é que a luta é tão dura por nossa parte, porque sabemos que vamos acabar sendo escravos se não resistirmos até a morte na terra. Vamos acabar com o destino que estão tendo esses irmãos e irmãs nossas, ser diaristas de grandes multinacionais”.

Strapazzón considerou que os patrões exploradores de trabalhadores rurais “merecem que lhes ocupemos a terra”. O dirigente destacou as propostas que o MOCASE tem feito ao setor político para que os assalariados do campo passem a ser camponeses que dependam de seu trabalho e não de chefes ou transnacionais. Nesse sentido, disse que são necessárias três coisas: acesso à terra, créditos e dinheiro para projetos de produção, e que o Estado compre dos camponeses os alimentos para escolas e refeitórios infantis.

O camponês disse que “para que 500.000 famílias do campo (dois milhões e meio de pessoas) saiam da pobreza e deixem de estar amontoadas, são necessários 156 milhões de pesos (cerca de 40 milhões de dólares)”. “Neste momento, para calar os sabichões da Mesa de Enlace (que reúne as principais associações nacionais de empresários agropecuários do país), a presidenta (Cristina Fernández) diz que lhes dá 2,2 bilhões de pesos (para 20.000 produtores). São muitas vezes mais”, acrescentou.

O dirigente conta que o MOCASE já apresentou um projeto de Soberania Alimentar com suas propostas para tirar da pobreza e da escravidão essas 500.000 famílias em cinco anos. “Temos neste momento na mão, para Santiago del Estero, 125 empreendimentos, e precisamos muito pouco para que sejam colocados em andamento, além dos que já temos funcionando com nosso próprio pulmão ou com financiamento que não tem sido do Estado argentino”.

Finalmente, Strapazzón lamentou que “muitas vezes o Estado argentino nos discrimine porque somos os perigosos da Via Campesina”. “Por quê somos perigosos?, porque queimamos retroescavadeiras?, que são as grandes máquinas que destroem as florestas, porque temos desmontado retroescavadeiras e paramilitares contratados pelos empresários? Não será que os paramilitares e sojeiros da Mesa de Enlace são os perigosos?”.

Foto: http://www.flickr.com/photos/juantoxico/

(CC) 2011 Radio Monde Réel

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